Extensão

Projetos que democratizam a universidade são destaque na Jornada de Extensão

Atividades apresentadas são focadas na educação básica, na promoção da igualdade racial e na humanização do parto

Estudantes e parceiros que acompanharam as atividades da Jornada de Extensão
Estudantes e parceiros que acompanharam as atividades do seminário da Jornada de Extensão Foto: Eduardo Maia

A abertura do seminário da 23ª Jornada de Extensão da UFMG relembrou, na tarde desta quarta-feira, dia 8, as vítimas das enchentes no Rio Grande Sul e convocou o público a refletir sobre como enfrentar os desastres ambientais provocados pelo homem, as injustiças e as desigualdades sociais.

A atividade foi conduzida pelo estudante do curso de Jornalismo da UFMG João Pedro Salles. Foram apresentadas três atividades de extensão da UFMG que atuam na reflexão crítica, conscientização da sociedade e emancipação humana por meio da educação e da democratização da universidade pública. O evento, prestigiado por estudantes parceiros envolvidos em projetos de extensão, praticamente lotou o principal auditório do CAD1, no campus Pampulha.

Culturas afro-brasileira e indígena nas escolas
O estudante Gabriel Gomes, do 2º período do curso de graduação em História, apresentou o projeto Ciclo permanente de estudos e debates sobre educação básica, do Centro Pedagógico (CP/UFMG). Por meio do diálogo com escolas de ensino básico de Belo Horizonte, a ação dissemina as culturas afro-brasileira e indígenas. Uma das instituições parceiras do projeto, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Santa Cruz, localizada na região Nordeste da capital, foi representada no evento pela professora Maria de Jesus e pela assistente social Janaina Uiara.

Bolsista da atividade, Gabriel explicou que a iniciativa tem como eixo a formação de professores focados nas relações étnico-raciais. Ele ressaltou a importância da interdisciplinaridade das ações. "A formação étnico-racial demanda a participação não só das disciplinas de ciências humanas, mas também das de ciências exatas", argumentou.

Janaína Uiara, por vez, disse que a iniciativa contribui para o cumprimento das leis federais 10.639/2003 e 11.645/2008, que estabeleceram a obrigatoriedade da inclusão desses temas nos currículos escolares. "Infelizmente, isso ainda não é uma realidade nas escolas. A EMEI Santa Cruz, por outro lado, foi certificada e hoje é exemplo de promoção da igualdade racial", destacou Janaína.

Saúde da mulher e alfabetização
O projeto de extensão Sentidos do nascer foi apresentado na jornada pelas estudantes Ryanne Menezes e Gabriela Coelho, respectivamente, dos cursos de graduação em Terapia Ocupacional e Enfermagem da UFMG.

Elas sensibilizaram o público sobre a importância da valorização do parto normal e a redução da cirurgia cesariana no Brasil. "A meu ver, isso é um assunto que diz respeito a todos. A forma como nós nascemos mostra como é a sociedade em que vivemos", refletiu Ryanne, em sua exposição.

Outra ação participante da jornada foi o Laboratório de Alfabetização e Letramento (LAL), da Faculdade de Educação (FaE), que foi relatado pelas bolsistas Isadora Felipe e Letícia Lima, ambas do curso Pedagogia.

Criado em 2021, o LAL promove eventos e encontros formativos e produz materiais didáticos de alfabetização para estudantes de licenciaturas e professores da educação infantil das redes públicas. "Nós vamos até as escolas promover essas ações e também trazemos representantes das escolas até a nossa comunidade acadêmica", explicou Letícia.

A professora Sônia Souza, das escolas municipais Francisca Alves e Dom Orione, ressaltou que o projeto tem contribuído para que as crianças aprendam de forma lúdica. "É encantador o crescimento delas. Essa experiência mostra quão importante e transformador é a interação entre a universidade e a educação básica", frisou a professora.

'Coração' da universidade
O seminário da jornada teve também debate mediado pela pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga, com a participação dos estudantes, comunidades e público.

Claudia salientou que a história da universidade é permeada pela busca da democratização, e uma das grandes bandeiras desse processo é o enfrentamento à desigualdade histórica em relação ao acesso ao ensino superior público. "A universidade se democratizou, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. A universidade que entendemos é aquela que está alinhada com a realidade concreta do nosso país e com a diversidade de sua população. O evento de hoje deixou claro que a extensão universitária cumpre um papel fundamental para essa missão. A extensão é o 'coração' da universidade", afirmou.

A jornada contou com apresentação cultural do Grupo de Percussão da UFMG, sob a coordenação do professor Fernando Chaib, da Escola de Música. A iniciativa atua na democratização da música entre alunos de escolas da rede municipal de Belo Horizonte.

O evento teve ainda a participação da pró-reitora adjunta de Extensão, Janice Amaral, da pró-reitora de Assuntos Estudantis (Prae), Licínia Maria Correa, e de docentes da gestão da Pró-reitoria de Extensão.

Aberta na última terça-feira, dia 7, com duas oficinas na Estação Ecológica, a Jornada de Extensão é promovida anualmente pela Proex e visa incentivar a troca de saberes e experiências entre os participantes, estimular o protagonismo estudantil, dar boas-vindas aos novos bolsistas e voluntários e divulgar a extensão da Universidade para os públicos interno e externo.

Eduardo Maia | Assessoria de Comunicação da Proex