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10 anos da morte de Abdias Nascimento: relembre legado do intelectual, político e ativista

Presidente do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros e viúva de Abdias, Elisa Larkin Nascimento, falou da vida e obra do escritor na Rádio UFMG Educativa

Abdias, “uma pessoa movida fundamentalmente pelo amor”, define a viúva do pensador
Abdias, “uma pessoa movida fundamentalmente pelo amor”, define a viúva do pensador Reprodução / Instagram Ipeafro

Ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista: essas são algumas das faces de Abdias Nascimento. No domingo, 23, completaram-se 10 anos da morte de uma das figuras brasileiras mais emblemáticas do século 20. Ao longo de sua rica trajetória, Abdias publicou livros acadêmicos e de poesias, além de participar ativamente da vida política do país.

Foi decisivo na fundação do Teatro Experimental do Negro, do projeto Museu de Arte Negra e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), se tornando um dos maiores representantes da luta pelo reconhecimento dos direitos e autonomia da população preta. O trabalho de Abdias, tanto na literatura quanto na academia, se voltaram sempre à temática afro-brasileira e o autor é considerado referência obrigatória neste campo de estudos. Sua defesa dos direitos humanos lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010, consagrando ainda mais o seu legado.

Para celebrar a história de Abdias Nascimento, o programa Universo Literário desta segunda, 24, teve como convidada a professora, presidente do Ipeafro e viúva de Abdias, Elisa Larkin Nascimento.  A trajetória de vida do intelectual foi relembrada por Elisa, que destacou a contribuição de suas obras, sobretudo O Genocídio do Negro Brasileiro e O Quilombismo. Ela comentou sobre o período de exílio durante a ditadura militar e o reconhecimento de seus trabalhos no exterior, lembrando que não é possível separar o ativismo do escritor de suas produções.

Ao definir quem foi Abdias, a viúva foi categórica ao dizer que ele via tanto a expressão artística quanto a militância como um ato de amor. “Muito disso emerge tanto na poesia dele, como na pintura, como também na dedicação dele ao ativismo negro. No  fundo, é uma pessoa movida fundamentalmente pelo amor, que tem uma capacidade de traduzir esse amor de várias maneiras em produções criativas diferentes. Esse profundo amor que ele traz pelo povo dele e pelo próximo em geral é o motor que o leva a essas diferentes dimensões de atuação”, declarou.

O Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros é dedicado à recuperação, preservação, organização e divulgação do acervo de Abdias Nascimento e está idealizando a construção da sede virtual do Museu de Arte Negra, que vai abrigar a coleção que o pensador reuniu ao longo de 60 anos. Mais informações sobre o projeto e o legado de Nascimento na página do Ipeafro.

Produção: Laura Portugal e Marden Ferreira, sob orientação de Luiza Glória e Hugo Rafael

Publicação: Alessandra Dantas