Coberturas especiais

Agentes prisionais e penais brasileiros têm saúde mental afetada pela pandemia

Estudo desenvolvido pelo Núcleo de Estudos da Burocracia, da Fundação Getúlio Vargas, revelou que apoio institucional para lidar com essas emoções chegou a apenas 5,1% dos que se dizem afetados

Agentes prisionais e policiais penais têm relatado desconforto com a pandemia
Agentes prisionais e policiais penais têm relatado desconforto com a pandemia Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará / Fotos publicas / CC BY-NC 2.0

O avanço do novo coronavírus pelas penitenciárias encontra policiais penais e agentes prisionais despreparados e abalados emocionalmente para lidar com a situação da pandemia de covid-19. Estudo desenvolvido recentemente pelo Núcleo de Estudos da Burocracia, da Fundação Getúlio Vargas, revelou que  73,7% desses profissionais relatam ter a saúde mental afetada por causa da pandemia. Mas o apoio institucional para lidar com essas emoções chegou a apenas 5,1% deles. 

As unidades prisionais representam alguns dos ambientes mais insalubres no Brasil, onde o potencial de disseminação do vírus é muito elevado e o risco à saúde das pessoas presas e aos profissionais é alto. Esses são alguns dos resultados da segunda fase da pesquisa A Pandemia de covid-19 e os(as) agentes prisionais/policiais penais no Brasil

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta quinta-feira, 10, o advogado Giordano Magri, um do pesquisadores responsáveis pelo estudo, explicou que a pesquisa integra um trabalho de investigação mais amplo, que busca entender o impacto da pandemia nos profissionais da linha de frente

“Na prática, a gente sabe que, por mais que as decisões sejam tomadas pelas elites burocráticas e políticas, quem tem que lidar com a interação direta com o cidadão e com a implementação dessas ações que são pensadas são os profissionais de linha de frente”, analisou.

Essa é a segunda fase do estudo com agentes e policiais penais. Giordano Magri explicou que foram feitos diversas rodadas, a fim de captar os diferentes momentos da pandemia. "Como ela já se arrasta há praticamente seis meses, a gente sabe que houve fases muito diferentes. A ideia é justamente entender como estão esses profissionais nesses diferentes momentos da pandemia”, contou.

Até o dia 22 de julho, foram registrados quase 14 mil casos de contaminação pela covid-19 no sistema carcerário brasileiro. Esses números representam um aumento de 99,3% em 30 dias, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

Ouça a conversa com Luíza Glória

A situação das penitenciárias no Brasil pode ser acompanhada no Portal do CNJ.

Produção de Arthur Bugre