Extensão

Fórum discute políticas para superar ameaças aos museus universitários

Reitora da UFMG criticou medida provisória que altera estrutura de gestão dessas instituições

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Cláudia Mayorga: "diálogo, interface e acolhimento
Foto: Foca Lisboa / UFMG

A quinta edição do Fórum de Museus Universitários, que começou oficialmente na manhã desta terça-feira, dia 9, deve discutir articulações e ações em rede e conjuntas para fortalecer a política nacional de museus, acervos e memória. “Trata-se de um espaço de diálogo, interface e acolhimento”, definiu a pró-reitora de Extensão Cláudia Mayorga, na mesa de abertura do evento, realizada no Centro de Atividades Didáticas (CAD 2).

Na opinião da coordenadora do Fórum, professora Letícia Julião, do Departamento de Organização e Tratamento da Informação da Escola de Ciência da Informação (ECI), esta é uma oportunidade para se “pensar e agir juntos no intuito de superar a atual vulnerabilidade dos museus”. “Este encontro torna-se urgente para nos mantermos unidos. O país parece estar seguindo um cortejo para enterrar sua democracia, e a memória é nossa arma quando a democracia está ameaçada”, defendeu.

A diretora da ECI, Terezinha Carvalho de Souza, destacou a importância e a representatividade da Rede de Museus da UFMG e agradeceu às professoras do curso de Museologia que conduzem o projeto. “É uma alegria constatar que temos um grupo comprometido com nosso futuro e o de nossos filhos e netos. Espero que deste Fórum saiam ótimas decisões”, declarou.

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Sandra Goulart: "ameaças do autoritarismo"Foto: Foca Lisboa / UFMG

Luto
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou seu orgulho por sediar “um evento com tamanha responsabilidade de reflexão crítica”, aspecto que considera fundamental nos tempos atuais. Ela também revelou sua apreensão quanto às ameaças que, na esfera política, pairam sobre as universidades do país. “Toda a comunidade das universidades públicas, e especialmente aqueles que se dedicam aos museus universitários, vivenciam um momento de incertezas. Por sinal, estamos de luto porque, recentemente, fomos testemunhas do incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, um desastre sem precedentes para o mundo acadêmico e científico”, enfatizou.

Sandra Goulart Almeida também criticou a Medida Provisória 850, que estabeleceu a criação da Agência Brasileira de Museus (Abram) em substituição ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). “Não nos iludamos com isso. Não se trata apenas de uma mudança de simbologia, há muitos interesses envolvidos. A UFMG tem-se posicionado firmemente contra essas atitudes autoritárias”, revelou.

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Marta Lourenço: "valores milenares"Foto: Foca Lisboa / UFMG

A presidente do International Council of Museums (Icom) no Brasil, Renata Vieira Mota, caracterizou como “arriscado e delicado” o atual cenário, que considera um “desmonte da política nacional de museus”. “Esta quinta edição do Fórum faz parte da intensificação dos trabalhos da comunidade de patrimônio museológico no Brasil e não poderia ocorrer em hora mais oportuna”, destacou.

A presidente do Comitê Internacional de Coleções em Museus Universitários do Icom, Marta Lourenço, observou que “é importante estarmos unidos e contarmos com apoio internacional”. “Nós que trabalhamos com museus universitários somos fiéis depositários dos valores milenares das universidades, entre eles a tolerância e o respeito ao outro", disse a professora da Universidade de Lisboa.

A programação do 5º Fórum de Museus Universitários segue até quinta-feira, dia 11.