Arte e Cultura

Artistas da EBA fazem releitura de atlas de anatomia do século 19

Obras ficarão expostas na Faculdade de Medicina a partir de segunda-feira

Intervenção de Wanda Tófani sobre obra do atlas
Intervenção de Wanda Tófani sobre obra do atlas Reprodução

Releituras de atlas de anatomia humana do século 19 propostas pelos artistas Wanda Tófani e Eugênio Paccelli Horta, da Escola de Belas Artes, compõem a exposição Tomos, que será aberta ao público nesta segunda-feira, dia 3, na Faculdade de Medicina. O trabalho é inspirado em material produzido pelo médico Jean Baptiste Bougery e pelo ilustrador Nicolas Henri Jacob. 

A mostra reúne fotografias digitais tiradas a partir de intervenções em gravuras do livro. “É um livro muito bonito, ficamos encantados com a qualidade dos desenhos, que não são tradicionais. O médico preparava as peças, e o artista as reproduzia. São gravuras feitas em litografia, algumas coloridas à mão”, comenta a artista plástica Wanda Tófani, professora aposentada da UFMG. 

Wanda fez a releitura das imagens com base em bonecos de papel e frases sobre os fragmentos humanos expostos, e Paccelli utilizou desenhos bordados sobre tecidos que interagem com os corpos anatomizados do livro. “Estou sempre propondo trocas, criando jogos de palavras”, explica Wanda. Segundo ela, a fascinação pelo corpo humano e o desejo de expressar a relação entre vida e morte são pontos em comum na obra dos dois artistas.

A exposição está vinculada à disciplina Arte e ensino-aprendizagem em medicina: sensibilização na arte de cuidar, ofertada na Faculdade de Medicina. Seu objetivo é oferecer aos alunos da área da saúde instrumentos que os auxiliem na observação e escuta do outro e de si próprio na prática clínica. 

“Entramos em contato com os professores da Escola de Belas Artes para desenvolver esse trabalho interdisciplinar. A arte tem o poder de aumentar a capacidade de observação, imprescindível na relação médico-paciente”, defende a professora Luciana Diniz Silva, uma das responsáveis pela disciplina.

Humanização e finitude
A exposição é organizada pelo Centro de Memória da Medicina (Cememor). Segundo sua coordenadora, Ethel Mizrahy Cuperschmid, a mostra sensibiliza para questões como a humanização e a finitude do ser humano. “Trabalhamos muito com esses temas na aula aberta sobre história da medicina promovida pelo Cememor. Eles nos fazem refletir sobre a importância de observar o corpo e as  pessoas para além da dimensão mecânica", afirma. 

As obras ficarão expostas até a próxima sexta-feira, 7 de junho, no saguão de entrada e no corredor do Cememor, no prédio da Faculdade de Medicina, campus Saúde. Os interessados em conhecer a exposição não precisam realizar agendamento prévio. O Centro de Memória funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Após a exposição presencial, o material será disponibilizado no site do Centro de Memória, que hospeda outras exposições.

Os artistas
Eugênio Paccelli Horta é professor da Escola de Belas Artes, e seu trabalho na área de desenho tem ênfase em temas como arte, corpo e espelhamento. Wanda Tófani é doutora em literatura comparada pela UFMG e é professora aposentada da EBA. Sua produção artística é centrada na figura humana por meio de técnicas como desenho, aquarela, gravura sobre metal e pintura.

Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina