Pesquisa e Inovação

Bactéria que causa pneumonia em alpacas tem genoma sequenciado

Análises feitas por pesquisadores da UFMG e de universidade peruana abre caminho para o desenvolvimento de vacina contra a doença

Rebanho de camelídeos nos Andes peruanos: linhagem patogênica de bactéria com características genômicas da América do Sul
Rebanho de camelídeos: linhagem de bactéria com características genômicas da América do Sul Geraldo R. Diaz Ortiz

O sequenciamento genômico da bactéria Pasteurella multocida, que causa pneumonia e mata mais de 50% dos filhotes de alpaca e de outros camelídeos no Peru, revelou a existência de uma linhagem patogênica desse micro-organismo com características genômicas próprias da América do Sul. O trabalho de análises genéticas, desenvolvido na UFMG em colaboração com a Universidade Nacional Maior de San Marcos (UNMSM), teve o objetivo de possibilitar o controle epidemiológico e o desenvolvimento de vacina contra a doença.

A linhagem peruana foi registrada com a sigla da universidade – UNMSM. “É importante conhecer a informação genômica desse novo isolado bacteriano, para investigarmos como as linhagens estão migrando e qual sua relação com os diferentes tipos de doenças”, explica a pesquisadora peruana Raquel Hurtado, que utilizou a técnica MLST (Multilocus Sequence Typing, em inglês) para identificar a ancestralidade e a relação das linhagens analisadas. A pesquisa gerou dissertação de mestrado, orientada pelos professores Vasco Azevedo e Flavia Aburjaile, defendida em fevereiro no Programa Interunidades de Pós-graduação em Bioinformática do ICB.

“Quando fizemos análises filogenômicas, descobrimos que essa linhagem é muito diferente de outras conhecidas na Europa, na América do Norte e na Ásia. Mas, aparentemente, há uma ancestralidade em comum com uma linhagem encontrada na Espanha, que também provoca pneumonia em ovinos”, relata Raquel, aprovada no doutorado do mesmo programa, para dar continuidade à colaboração com a instituição peruana, agora com estudos para identificação de genes resistentes a antibióticos.

O estudo foi tema de matéria de capa publicada na edição 2.052 do Boletim UFMG.