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Brasil perde Paulo Mendes da Rocha, nosso arquiteto mais premiado internacionalmente

‘Foi um mestre e eu tive a sorte de poder ter convivido com ele’, definiu o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Guilherme Wisnik

Arquiteto ganhou todas as principais premiações mundiais, como o Pritzker e o Leão de Ouro da Bienal de Veneza
Arquiteto ganhou todas as principais premiações mundiais, como o Pritzker e o Leão de Ouro da Bienal de Veneza André Seiti / Itaú Cultural

O arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, que atuou por anos como professor na Universidade de São Paulo, morreu no domingo, 23, vítima de um câncer de pulmão. Nascido em Vitória, no Espírito Santo, em 1928, fez carreira em São Paulo e se tornou um dos grandes nomes da arquitetura mundial. Ele foi o responsável pelo projeto do Museu da Língua Portuguesa, do ginásio do clube Paulistano e pela reforma da Pinacoteca de São Paulo, entre muitos outros. Seu trabalho é influenciado pelo estilo brutalista europeu, que segue uma estética crua, sem muitos enfeites e detalhes, baseada nas formas geométricas e focada na funcionalidade dos espaços. Mendes da Rocha ganhou o Prêmio Pritzker em 2006, um dos maiores reconhecimentos internacionais na área.

Em homenagem a Paulo Mendes da Rocha, o Noite Ilustrada desta quinta, 27, convidou o arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Guilherme Wisnik, curador da exposição Ocupação Paulo Mendes da Rocha, realizada em 2018 no Itaú Cultural. Na entrevista, o professor elencou as construções projetadas por Mendes da Rocha no país, enfatizando que ele preferia realizar obras públicas às privadas. Wisnik contou que o docente tinha orgulho em dizer que era um arquiteto brasileiro, mas que não era nacionalista.

O convidado também expôs as diferenças entre as formas nas obras de Paulo Mendes, que prezava pelo sintético, pelo claro e pelo essencial, e Niemeyer e Gaudí. Uma dica do professor Guilherme Wisnik para conhecer ainda mais a obra do arquiteto é, quando a pandemia passar, visitar o edifício do Sesc 24 de maio, o Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, a Pinacoteca, todos localizados na capital paulista, e, quando estiver finalizado, o Cais das Artes, em Vitória. O professor recomendou ainda livros de referência sobre o arquiteto para quem tem interesse em conhecer mais sobre seus trabalhos.

Por fim, Guilherme Wisnik compartilhou com os ouvintes a relação próxima que tinha com Paulo Mendes da Rocha. “É um prazer sempre poder falar sobre ele e ajudar a expandir o legado desse arquiteto, dessa figura maravilhosa. Para mim, ele foi um mestre, e eu tive a sorte de poder ter convivido com ele. Foi meu professor na faculdade, depois trabalhei como estagiário no escritório e consegui criar uma relação de parceria e de amizade que me formou muito", rememorou.

Produção: Maron Filho e Carlos Ortega, sob orientação de Luiza Glória e Hugo Rafael
Publicação: Alessandra Dantas