Pesquisa e Inovação

Cátedra Unesco-UFMG promove conferências sobre direitos humanos na perspectiva das Luzes

Ciclo, que começa amanhã, reunirá professores de Filosofia, História e Ciência Política da UFMG e pesquisadora de universidade francesa

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As ideias Abbé Raynal, na passagem do século 18 para o 19, influenciaram Tiradentes e Frei Caneca
Reprodução

A partir desta sexta, 4, e ao longo do mês de setembro, a Cátedra Unesco-UFMG – Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes promove nova rodada de encontros de seu fórum sobre Saúde, bem-estar social e direitos humanos: desafios contemporâneos na perspectiva das Luzes. As conferências podem ser acompanhadas no canal da Diretoria de Relações Internacionais no Youtube.

No primeiro evento, Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História da Fafich, vai falar sobre a independência brasileira nos jornais do Império. No dia 11, Dawisson Lopes, da Ciência Política, vai abordar o apogeu e o declínio da “diplomacia do conhecimento”.

Na sexta, 18, a professora do Departamento de Filosofia Patricia Kauark Leite vai tratar de ciência e obscurantismo e propor reflexão sobre “que Iluminismo nos interessa hoje”. Colega de Patrícia na Fafich, Rodrigo Duarte fará conferência no dia 25 sobre A vida boa na perspectiva do esclarecimento reflexivo. Por fim, no dia 29, será a vez da professora Marie Noëlle Ciccia, da Universidade de Montpellier, na França, que vai falar sobre A Zamperinida (1772–1775): uma contenda poética iluminista?.

Sob o Iluminismo
Instituída em 5 setembro de 2019, a Cátedra Unesco-UFMG – Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes tem caráter transdisciplinar, envolvendo as ciências humanas, letras, as ciências exatas e naturais, entre outros campos. Ela promove o desenvolvimento de pesquisas e atividades de ensino, no âmbito da graduação, pós-graduação e extensão, em colaboração e intercâmbio com outras cátedras Unesco na área das Humanidades

Villalta:
Villalta: visões opostas sobre a IndependênciaLuiza Ananda / UFMG

A cátedra Unesco-UFMG mantém colaboração ativa com outras cátedras Unesco na área das Humanidades, principalmente com aquelas propostas no quadro da cooperação entre o Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH) e a Unesco.

De acordo com o professor Luiz Carlos Villalta, titular da cátedra, o ciclo de conferências, iniciado em julho deste ano e com encerramento previsto para janeiro de 2021, estimula a reflexão sobre problemas contemporâneos, “alguns verdadeiramente dramáticos”, com base nas ideias das Luzes, ou Iluminismo.

Ameaças anti-iluministas
O próprio Villalta abre a programação de setembro. Ele vai abordar como as Luzes, em suas diferentes vertentes, inspiraram os protagonistas da Independência do Brasil e como, entre 1822 e 1889, a Independência foi representada em jornais da Corte e de diversas províncias. Segundo o professor do Departamento de História, sua exposição vai evidenciar que, “ao lado de uma visão positiva sobre D. Pedro I e a Independência, desenvolveu-se uma compreensão diametralmente oposta, negativa, o que se tornou mais intenso com a aproximação da Proclamação da República”.

Dawisson:
Dawisson: saberes e conhecimentos instrumentalizadosSomos UFMG

Dawisson Lopes, da Ciência Política, vai defender, em sua conferência, que a diplomacia do conhecimento, que marcou as relações internacionais do Brasil por dois séculos, sofre hoje uma ameaça inédita. “Como sempre faltou ao Brasil abundância de recursos militares e econômicos, nossa diplomacia instrumentalizou a seu favor saberes técnicos e conhecimentos diversos, sobre direito internacional, geopolítica, instituições internacionais etc. No atual governo, vários pressupostos desse projeto são descartados. O que estamos vendo é a negação do iluminismo, da racionalidade e a exaltação do pré-moderno, de um pensamento reacionário e baseado na religiosidade", afirma Dawisson.

Patrícia Kauark Leite vai evocar Michel Foucault e Imanuel Kant para defender que é crucial, nos dias atuais, “entoar novamente a palavra de ordem iluminista”. Ela afirma que “neste mundo bárbaro em que fomos tragicamente atirados, as expressões mais genuínas das artes, das ciências e das filosofias, no sentido mais plural desses saberes, estão ameaçadas”. A professora do Departamento de Filosofia diz que vai fazer considerações acerca do iluminismo kantiano, ou iluminismo crítico, e chamar atenção para um outro iluminismo, que ela chama de positivista, e que “deve ser tomado com muita cautela”. Ao final, ela pretende propor uma terceira acepção, o “iluminismo poiético”.

Esta é a programação do ciclo em setembro.

Sexta, 4, às 19h
Luiz Carlos Villalta: As luzes e a independência brasileira nos jornais do Brasil Imperial (1822–1889)

Sexta, 11, às 14h
Dawisson Belém Lopes (UFMG): De José Bonifácio a Ernesto Araújo: apogeu e declínio da Diplomacia do Conhecimento

Sexta, 18, às 14h
Patrícia Kauark Leite (UFMG): Ciência e obscurantismo: qual Iluminismo nos interessa hoje?

Sexta, 25, às 14h
Rodrigo Duarte (UFMG): A 'vida boa' na perspectiva do esclarecimento reflexivo

Terça, 29, às 14h
Marie-Noëlle Ciccia (Faculdade Línguas Estrangeiras e Regionais da Université Paul Valéry / Montpellier 3, França): A Zamperinida (1772–1775): uma contenda poética iluminista?

Patricia Kauark:
Patricia Kauark: é preciso "entoar novamente a palavra de ordem iluminista"  vub.ac.be

Itamar Rigueira Jr.