Institucional

Comunidade acadêmica, entidades e intelectuais reagem à operação da PF na UFMG

Para estudantes, docentes e servidores, operação é arbitrária e constrange a universidade e seus dirigentes

Integrantes da comunidade se reuniram em frente ao prédio da Reitoria
Integrantes da comunidade se reuniram ontem e hoje cedo em frente ao prédio da Reitoria Foca Lisboa | UFMG

Intelectuais, entidades, fóruns, movimentos sociais e representantes da comunidade acadêmica manifestam apoio à UFMG, alvo de uma operação da Polícia Federal nessa quarta-feira, 6. O Conselho Universitário, órgão máximo de deliberação da Universidade, faz hoje uma reunião extraordinária para definir as ações que serão tomadas em defesa da instituição. Na operação, oito dirigentes e servidores da UFMG foram conduzidos de forma coercitiva à sede da Polícia Federal, em Belo Horizonte, para apuração de inexecução e desvio de recursos públicos destinados à implantação e construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela UFMG.

Para estudantes, servidores e docentes da UFMG reunidos no saguão do prédio da Reitoria, no campus Pampulha, a operação foi deflagrada de forma arbitrária, constrangendo a Universidade e os seus dirigentes e ex-dirigentes. Eles também criticaram operações similares que vêm ocorrendo em outras universidades federais.

Manifestações de apoio 

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, pede para que os acadêmicos da UFMG não se deixem intimidar por atos de arbítrio por parte das forças anti-democráticas que tomaram conta do poder no Brasil.

Um grupo de intelectuais ressalta a relevância da UFMG no cenário internacional e afirma que é inadmissível que a sociedade brasileira continue tolerando a ruptura da tradição legal em nome de um moralismo espetacular. Assinam o texto nomes como Lilia Moritz Schwarcz, Michel Löwy, Fábio Konder Comparato, e os ex-ministros Aloizio Mercadante, Fernando Haddad, Renato Janine Ribeiro e Celso Amorim. A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que a operação é uma bofetada nos anistiados e um desrespeito à memória dos torturados e dos que tombaram na luta contra a ditadura.

Reitores representados pelo Fórum de Dirigentes das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas manifestaram total indignação pela forma como foi conduzida a ação da PF. Segundo a nota, a condução coercitiva transfere para os acusados a função de provar sua inocência, invertendo o ônus da prova. A Reitoria da PUC Minas afirmou que autoridades da universidade não devem ceder à tentação da espetacularização midiática.

A Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) afirma que é sintomático que o caso tenha como pretexto averiguar irregularidades na execução do projeto Memorial da Anistia do Brasil, que tem como uma de suas finalidades preservar a lembrança de um período lamentável da nossa história. A União Nacional de Estudantes (UNE) declarou que a operação questiona os métodos de pesquisa e atividades desenvolvidas pela universidade e ataca elementos que permitem a realização dessas pesquisas.

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