Arte e Cultura

Conservatório UFMG recebe lançamento de CD-livro de musicalização infantil

Trabalho foi concebido pelo músico Miguel Queiroz, falecido neste ano, que era parceiro do professor Eugênio Tadeu, da EBA

Capa do CD-Disco Doce Cânones
Capa do CD-Disco 'Doce cânones'Portal Serelepe

Em contraste com a tristeza de sua voz, Susete França relembra com alegria os momentos vividos com seu marido Miguel Queiroz e sintetiza em uma frase o trabalho de produção do CD-livro Doce cânones: “Foi feito por pessoas muito queridas”. A obra é fruto do trabalho de Queiroz, professor da Escola de Música da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), que faleceu em maio deste ano. O docente integrava o duo Rodapião com Eugênio Tadeu Pereira, professor da Escola de Belas Artes da UFMG.

O lançamento do CD-livro Doce Cânones - Versão e arranjos de Miguel Queiroz para doze cânones de Andrés Barrios será neste sábado, 24, às 10 horas, no Conservatório  UFMG. O show em homenagem à memória do professor terá a participação do Coral Infantil da Escola de Música da Uemg, que interpretará quatro cânones do disco, e do duo venezuelano El Taller de los Juglares, que também trabalharam na produção do disco. A dupla venezuelana também se apresenta nesta sexta, 23, às 20h, na Sala Sérgio Magnani, da Fundação de Educação Artística, e no domingo, 25, às 11h, no Auditório do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas. Em todas as apresentações, o CD-livro estará disponível para venda.

Segundo o professor Eugênio Tadeu, que também atuou na produção do Doce cânones, a amizade com Miguel surgiu em 1983. “Ele era pessoa muito inventiva e dedicou toda sua vida profissional à musicalização infantil", conta. Miguel sempre teve uma curiosidade centrada em sons produzidos por objetos inusitados, como revela Susete. “Ele usava a própria voz como instrumento e pesquisava as possibilidades advindas destes materiais”.

A história de disco começa em 2016, quando o flautista e professor de música teve conhecimento do trabalho dos 25 cânones de Andrés Barrios, que junto com Bartolomé Diaz formam o El Taller de los Juglares. Fascinado pelo trabalho, Miguel começou a criar os arranjos para as letras. “Nós conhecemos Barrios e Diaz no México, em 1997. Os dois desenvolviam seus trabalhos para crianças e, quando Miguel tomou conhecimento dos cânones de Barrios, ficou deslumbrado com a qualidade das letras. Em contato com o nosso amigo venezuelano, decidiu produzir os arranjos para as composições”, explica Eugênio. Junto com Clarice Viana e Manuela Barbosa, suas ex-alunas, Miguel começou a ensaiar e a gravar as vozes para a produção do disco.

Miguel Queiroz faleceu em 27 de maio de 2018 por conta de um tumor no cérebro
Miguel Queiroz: dos arranjos à mixagemPaola Evangelista

Das 25 composições de Barrios, Miguel decidiu trabalhar com doze. O nome do trabalho estabelece um jogo de palavras com o número de letras escolhidas pelo flautista: doze em espanhol é doce, referência à quantidade de canções escolhidas e ao instrumento que Miguel tocava, a flauta doce.

“Miguel estava muito empolgado com o trabalho. Ele trabalhou em cada detalhe do projeto, desde os arranjos até a mixagem. Quando estava prestes a finalizar o disco, ele faleceu. Juntamente com Eugênio, Barrios, Diaz e outros amigos, decidimos terminar a sua obra. Conseguimos realizar o sonho dele", explica Susete França. Doce cânones mescla três vozes, sons de objetos inusitados, composições de piano, flauta e fagote.

Para crianças
Ao lado de Eugênio Tadeu, Miguel Queiroz formava o duo Rodapião. Ao longo dos 25 anos de carreira, a dupla lançou cinco discos: Dois a dois, Murucututu, Nigun, Pandalelê! Brinquedos Cantados e o Umas e outras, mais o DVD Imagens e Sons do Duo Rodapião.

De acordo com Eugênio, a preocupação inicial da dupla era evitar o uso da amplificação sonora e propor um espetáculo para crianças que reunisse tanto a vertente cênica quanto a musical. “Em 1993, decidimos realizar o primeiro trabalho. Queríamos produzir algo de que gostávamos e que fugisse do padrão da época de música para as crianças", relata. O trabalho dos professores já percorreu diversos países por meio do Movimento da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha.

Assista a trecho de apresentação do grupo:

Eugênio Tadeu também atua no grupo Serelepe, que se dedica à produção artística e musical para crianças. O projeto é desenvolvido na Escola de Belas Artes da UFMG. Serelepe dá nome a programa radiofônico, que vai ao ar aos sábados e domingos, das 9h às 9h30, na Rádio UFMG Educativa.

João Paulo Alves