Pesquisa e Inovação

Consumo excessivo de sal ativa células inflamatórias do intestino

Estudo do ICB feito com camundongos revela que desequilíbrio pode agravar quadros como o da doença de Crohn e da colite ulcerativa

Em média, o brasileiro consome duas vezes mais sal de cozinha do que o padrão preconizado pela OMS
Em média, o brasileiro consome duas vezes mais sal de cozinha do que o padrão recomendado pela OMS Júlia Duarte / UFMG

O consumo de sal de cozinha (NaCl), nos padrões da dieta brasileira, ativa células inflamatórias no sistema imune do intestino de forma subclínica, isto é, sem sintomas aparentes, e pode agravar quadros como os da doença de Crohn e da colite ulcerativa. A descoberta foi feita pela nutricionista Sarah Leão Fiorini de Aguiar e descrita em tese de doutorado defendida no início de agosto, no Programa de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

De acordo com a orientadora do trabalho, professora Ana Maria Caetano de Faria, camundongos submetidos por três semanas à dieta rica em sal apresentaram inflamação no cólon do intestino. Ela explica que o teor testado “não está fora do padrão de consumo da população brasileira, que ingere ao menos duas vezes mais sal do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde”.

“Os resultados obtidos em nosso estudo representam um alerta para os efeitos inflamatórios na mucosa intestinal provenientes do consumo em excesso desse componente dietético essencial”, afirma Sarah Aguiar, lembrando que, em pessoas com predisposição genética, esse pode ser um gatilho para o início ou o agravamento de doenças inflamatórias intestinais.

A pesquisa é tema da reportagem de capa da edição 2.037 do Boletim UFMG, que circula nesta semana.