Saúde

Covid-19 expõe descaso com a velhice no Brasil

Idosos devem ser protegidos da doença e também dos efeitos do isolamento e do estigma social

Idosos são confrontados com narrativas de que já viveram o bastante e, por isso, poderiam morrer
Idosos são confrontados com narrativas de que já viveram o bastante e poderiam morrer Foto: Pixabay

Os idosos são os mais vulneráveis em meio à pandemia do novo coronavírus, em razão da maior incidência de doenças pré-existentes, que aumentam o risco de morte nesse segmento da população. Dentre as mortes confirmadas por Covid-19 no Brasil, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, 69% das vítimas tinham mais de 60 anos e 65% apresentavam pelo menos um fator de risco. A doença do coração foi a principal causa associada, seguida de diabetes, doença renal, doença neurológica e pneumopatia. Em todos os grupos de risco, exceto para obesidade, a maioria das pessoas tinha 60 anos ou mais. 

As estatísticas evidenciam a necessidade de maior cuidado com a população idosa durante a pandemia. É preciso proteger os idosos não só da doença, mas também dos efeitos do isolamento para essas pessoas e do estigma social, presente em piadas sobre sua resistência ao confinamento e até mesmo na ideia de que já viveram o bastante e que, por isso, poderiam morrer. 

"Os velhos têm que ter o mesmo respeito que os adultos e as crianças. Mas a gente tem essa cultura no Brasil, mesmo, de desvalorizar as pessoas que são idosas", alertou o professor do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Flávio Chaimowicz, também membro titular Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em entrevista veiculada no programa Conexões. Ele discutiu algumas das narrativas sobre a velhice, no contexto da pandemia.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Produção de Alessandra Ribeiro