Pesquisa e Inovação

CTNano discute uso de nanotubos de carbono no monitoramento de atividades industriais

Webinário, marcado para esta quinta-feira, integra programação dos 10 anos do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno da UFMG

Sede do CTNano, localizada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte, abriga pesquisas com nanotubos de carbono e grafeno
Sede do CTNano, no BH-TEC, abriga pesquisas com nanotubos de carbono e grafeno Judson Porto | UFMG

Nesta quinta-feira, 29 de outubro, o CTNano/UFMG promove o webinário Produção e aplicação de nanomateriais em sistemas de sensoriamento. O convidado é o doutor em Física pela UFMG e responsável pela Frente de Síntese do CTNano, Thiago Cunha. Nos primeiros 20 minutos, o pesquisador fará uma rápida apresentação das possibilidades e aplicações dos nanotubos no desenvolvimento de sensores industriais e, nos momentos finais, responderá a dúvidas e perguntas dos internautas. O evento começa às 15h e será transmitido pelo canal do CTNano no YouTubee pela página da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) no Facebook

Atividades de sensoriamento aplicadas ao ambiente industrial compõem o cenário denominado por acadêmicos e empresários a quarta revolução industrial ou Indústria 4.0. O termo se aplica à descrição de estratégias ancoradas na utilização de alta tecnologia associadas à internet e que buscam tornar os sistemas de produção mais flexíveis e "inteligentes". As unidades industriais tornam-se mais autônomas, mas quem, por exemplo, verifica se os processos estão acontecendo de forma correta? O monitoramento entra exatamente nessa fase, garantindo a segurança e eficácia dos processos em fábricas, usinas, refinarias e minerações. 

Uma das possibilidades de sensoriamento é por meio do uso de nanotubos de carbono, para monitorar estresse mecânico em estruturas e máquinas. Esses nanomateriais têm características importantes, como maior capacidade de adsorção química e facilidade de integração com dispositivos microeletrônicos. No CTNano/UFMG, também têm sido desenvolvidas soluções para o monitoramento de líquidos e gases em refinarias – nos reservatórios e tanques – e em mineração. A aplicação de nanotubos de carbono assegura e amplia a eficiência dos sensores.

CT Nano, dez anos
A atividade desta quinta-feira integra a programação comemorativa dos 10 anos do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno da UFMG, que terá outras quatro videoconferências em novembro: no dia 5, sobre nanotubos e grafeno aplicados no aprimoramento de polímeros; no dia 12, com apresentação de pesquisas sobre a aplicação de nanotubos na melhoria de processos de produção do cimento; no dia 19, sobre nanotubos aplicados à saúde e questões de natureza legal. Por fim, no dia 26, será realizada uma mesa-redonda com a presença da reitora Sandra Regina Goulart Almeida. 

O coordenador do CTNano, Marcos Pimenta, informa que o Centro tem atuado no desenvolvimento de produtos, processos e serviços com base em materiais de estrutura nanométrica em busca de soluções tecnologicamente avançadas e economicamente viáveis. “Gosto de me referir ao CTNano como uma ponte que faz a conexão entre o conhecimento gerado na UFMG e o setor industrial”, compara Pimenta. 

Para a reitora Sandra Goulart Almeida, o CTNano é mais um exemplo de pioneirismo da Universidade no campo da pesquisa e na interação com empresas. Lembrando que as instituições de ensino superior públicas brasileiras são responsáveis por mais de 95% das pesquisas realizadas no país, a dirigente destaca que "o CTNano/UFMG foi precursor na pesquisa sobre nanomateriais e grafeno no Brasil e faz a importante conexão entre a universidade, que responde pela geração de conhecimento, e as empresas, que desenvolvem o produto que resulta do conhecimento aqui produzido”. Essa conexão, segundo a reitora, "tem levado a UFMG a destacar-se no campo da transferência tecnológica, contribuindo para o desenvolvimento da indústria nacional".

Oportunidades em expansão
Há inúmeras possibilidades de atuação da nanotecnologia na indústria. No setor de petróleo, gás e mineração, por exemplo, materiais poliméricos e cimentícios avançados são desenvolvidos para exploração e produção em águas profundas e em atividades de mineração. No setor de energias renováveis, ela reforça a resistência das pás eólicas, aumentando a eficiência. No automotivo, são produzidos nanocompósitos com resistência à chama, capacidade de dissipar cargas e propriedades mecânicas superiores. Há, ainda, aplicações nas áreas ambiental, médica, farmacêutica, biotecnológica, do agronegócio e da aeronáutica.

Segundo Marcos Pimenta, o CTNano tem mais de 27 patentes depositadas, entre as quais tecnologias como a que propõe uma nova forma de produzir um novo tipo de cimento. Com base na mistura da síntese de nanotubos de carbono sobre os grãos do cimento, gera-se um produto muito resistente e barato. Outra patente provém de pesquisa que propõe a mistura de grafeno ou nanotubos a polímeros, que melhora as propriedades mecânicas do material, deixando-o muito mais resistente. “O número de patentes e a expertise consolidada em 20 anos de atuação compõem o grande diferencial do Centro. Além da infraestrutura para o desenvolvimento da tecnologia, temos um corpo de quase 100 cientistas trabalhando no CTNano”, explica.

Assista ao vídeo produzido pela TV UFMG sobre a inauguração da nova sede do CTNano/UFMG, localizada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC). 

Marcílio Lana