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Da universidade para a escola pública: estudantes da UFJF produzem revistas sobre a África

Nove publicações disponíveis virtualmente abordam história do continente a partir de perspectivas diversas no intuito de contribuir para o ensino da cultura afro-brasileira na rede básica

Capa da revista ‘Tradição viva’, uma das edições do projeto
Capa da revista ‘Tradição viva’, uma das edições do projeto Reprodução/Afrikas

O Dia Mundial da África é comemorado em 25 de maio e celebra a cultura e a história do continente. A data foi escolhida por marcar a fundação da Organização da Unidade Africana, hoje conhecida como União Africana, em 1963. Mas o que nós, brasileiros, no país que mais recebeu africanos escravizados nas Américas, sabemos sobre a África?

Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), estudantes da disciplina de História da África produziram nove revistas digitais sobre esses povos. As publicações, elaboradas no curso ministrado pela professora Fernanda do Nascimento Thomaz, pretendem contribuir para o ensino da história e cultura afro-brasileira na rede básica.

Tradição, literatura, política, racismo: as temáticas abordadas nas edições são diversas e fazem uso dos aprendizados dos alunos na disciplina, com um conteúdo amplo e confiável. A disciplina de História da África também propõe a produção de inúmeros outros materiais, em formatos variados.

Quem apresentou o projeto em entrevista ao programa Expresso 104,5 desta quinta, 27, foi a professora de História da África na UFJF e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense, Fernanda Nascimento Thomaz. A docente explicou que as revistas digitais produzidas sob sua coordenação possuem linguagem acessível e são direcionadas a estudantes do ensino médio. De acordo com a doutora, os temas de cada edição são escolhidos pelos próprios estudantes e a busca é por qualidade estética e de conteúdo, visando produzir um material que seja sensível para um público cada vez mais amplo.

A entrevistada ainda ressaltou como a presença do racismo estrutural em nossa sociedade limita a expansão do ensino da história africana tanto nas escolas quanto nas universidades. Para a professora, é preciso romper com a visão eurocêntrica também na educação básica, pois geralmente os estudantes chegam ao curso de história sem qualquer conhecimento em relação à África. A professora ainda comentou a grande procura pela disciplina e os efeitos positivos para os alunos.

“Eles se empolgam com a disciplina História da África. Nos dois últimos semestres as turmas lotaram com 70 alunos. Tem estudante que vem falar comigo que não consegue vaga. Eu sinto uma recepção muito grande deles. Acredito que tem a ver com a forma como eu leciono, mas também com a descoberta de uma experiência nova, de um mundo novo, e com o quanto pensar em África faz a gente se questionar. A experiência tem feito esses alunos repensarem essa perspectiva eurocêntrica, pois é outra forma de perceber a história não só fora, mas também nossa própria forma de conceber nossas histórias locais. Também percebo que os alunos tem se transformado na forma política de compreender o racismo e relações desiguais de maneira geral”, avaliou. 

As nove revistas podem ser acessadas no site do grupo de pesquisa Afrikas.

Produção: Enaile Almeida e Filipe Sartoreto
Publicação: Alessandra Dantas