Ensino

Dança estimula pessoas com deficiência a descobrirem suas potencialidades

Relação entre arte, educação e diferença orienta reflexões de evento no campus Pampulha

Promovendo o acolhimento das singularidades de cada um, a dança é capaz de ir ao encontro de todos
A dança acolhe e estimula a diferençaFacebook do evento

As artes são capazes de acolher, estimular e desenvolver pessoas com deficiência. Com base nessa premissa, o Projeto Arte e Diferença da UFMG promove, de 11 a 14 de setembro, o 1º Encontro corpos mistos e o 2º Congresso autismo, dança e educação. O evento pretende, com base em abordagem ética, política e estética, discutir o tripé arte-educação-diferença. Para isso, serão criados espaços para promover trocas de experiências e reflexões acerca da singularidade de cada sujeito, sua inclusão e as implicações na prática docente.

“É uma oportunidade de compartilhar conhecimentos e reflexões a respeito das nossas vivências, de como pensamos e lidamos com a questão da diferença e a correta interpretação do termo ‘inclusão’”, afirma a professora Anamaria Fernandes, da Escola de Belas Artes (EBA), uma das coordenadoras do evento. Segundo ela, a troca de experiências entre professores, artistas, pesquisadores, alunos e demais participantes propiciará a construção de conhecimento a respeito da união entre a arte e a educação em favor das pessoas com deficiência.

A professora Mônica Maria Farid Rahme, da Faculdade de Educação, também coordenadora do evento, explica que a parceria entre educação e arte “permite que as pessoas descubram suas potencialidades desconhecidas. Desta forma, é possível que elas desenvolvam uma série de habilidades”.

Na programação, estão previstas apresentações artísticas, oficinas e discussões temáticas, como as mesas-redondas Inclusão em debate, Entrelaçamentos éticos e estéticos da diferença Autismo, arte e educação. Entre as várias oficinas, abertas a pessoas com ou sem deficiências, destaque para Dança improvisação, ministrada por Oscar Capucho, da Cia Ananda, que será realizada sem o uso da visão, e Slam do corpo, direcionada à comunidade surda, ministrada por Leonardo Castilho, diretor de cultura da Associação de Surdos de São Paulo e educador do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

“As oficinas vão demonstrar a possibilidade de se trabalhar ‘com’ – e não ‘para’ – as pessoas com deficiências”, afirma a professora Anamaria. "O 'trabalhar com' faz com que a dança deixe de lado o objetivo de 'normatizar' as pessoas. Seu processo criativo leva em conta diferenças e singularidades." 

A respeito do transtorno do espectro autista, a professora da EBA explica que o autista têm uma relação específica com o próprio corpo e uma forma peculiar de interagir com o mundo. “Com a dança, o autista desenvolve a capacidade de trabalhar em grupo. Trata-se de diálogo entre o singular e o coletivo”, explica.

Gabriel Almeida Nogueira irá ministrar uma oficina de teatro e participar da mesa redonda
Gabriel Nogueira vai ministrar oficina de teatroFacebook / gabriel.almeidanogueira

O evento contará com a participação de Gabriel Almeida Nogueira, primeiro aluno com síndrome de Down a concluir um curso de graduação na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel); Adriana Ferreira Bonfatti, professora que coordena o projeto de extensão Oficina de teatro circulando – Ateliê de teatro para jovens com transtornos mentais da Unirio; Adriana Borges, professora de Políticas Públicas de Educação Especial e Inclusiva da Faculdade de Educação da UFMG; Dudu do Cavaco, primeiro músico com Down a gravar DVD e CD no Brasil; José Tonezzi, membro do grupo de pesquisa Cognição, Interação e Significação (Cogites), da Unicamp, e coordenador do grupo de pesquisa Teatro: Tradição e Contemporaneidade, da Universidade Federal da Paraíba, entre outros.

O encontro é destinado a artistas, educadores, pesquisadores, familiares, profissionais da saúde e demais interessados no tema. Suas atividades ocorrerão no auditório da Escola de Belas Artes (EBA) e no Teatro Universitário (TU), campus Pampulha. As inscrições devem ser realizadas no site do evento. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail congresso.autismodancaeducacao@gmail.com.

Cláudia Amorim