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Disputa eleitoral entre direita e esquerda é uma das mais acirradas da história do Peru

Contagem de votos já foi realizada, mas o resultado final depende do julgamento das acusações de fraude em andamento na justiça eleitoral

Francisco Sagasti, atual presidente do Peru, votou no segundo turno, utilizando equipamentos de segurança sanitária
Francisco Sagasti, atual presidente do Peru, votou no segundo turno, utilizando equipamentos de segurança sanitária Foto: Presidência Peru / Fotos Públicas / CC BY-NC 2.0

No início deste mês, os peruanos foram às urnas, no segundo turno das eleições para a presidência. A disputa eleitoral foi entre Keiko Fujimori, candidata que representa a direita, e o candidato de esquerda Pedro Castillo. O  cenário de polarização no país é resultado de uma crise política intensa, que provocou a troca de cinco presidentes ao longo de anos, marcados por muitas manifestações populares.

Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, tem uma trajetória política extensa, marcada por várias disputas apertadas de segundo turno e três prisões por corrupção. Já Pedro Castillo é um político  de esquerda tradicional, envolvido com o movimento sindicalista, e figura principal da greve dos professores de 2017 no país sul-americano.

Apesar de os votos já terem sido contabilizados, o país está vivendo uma semana de incertezas. As eleições ainda não tiveram o resultado oficial declarado por conta de 36 pedidos de revisão de atas e mesas eleitorais feitos por Keiko Fujimori, que alega fraude eleitoral. O Escritório Nacional de Processos Eleitorais do Peru aceitou os pedidos de revisão, mas o candidato da esquerda Pedro Castillo mantém vantagem de aproximadamente 50 mil votos sobre Keiko Fujimori.

Nesta terça-feira, 15, o programa Conexões recebeu o professor Fábio Borges, da Universidade Federal De Integração Latino-Americana (Unila), para conversar sobre a disputa nas urnas do Peru. Segundo o professor, a vitória do candidato do partido Peru Livre é esperada, mas o resultado final das eleições pode demorar mais duas semanas por conta do andamento das acusações de fraude na justiça eleitoral. 

Na entrevista, Borges detalhou ainda um pouco do complexo cenário político e econômico do Peru, a trajetória dos dois candidatos, os impactos da pandemia no país e explicou como a decisão eleitoral peruana pode influenciar na política brasileira. 

“Até ele mesmo [Pedro Castilho] foi surpreendido ao chegar no segundo turno. Mas agora tem um movimento interessante, ele tem trazido profissionais técnicos das outras esquerdas, o que é um momento inédito. É muito raro a esquerda estar unida e não sei por quanto tempo isso vai acontecer no Peru. Mas, de qualquer maneira, é de se elogiar que ele está tendo abertura para técnicos dos outros partidos de esquerda”, avaliou.

Produção:  Laura Portugal, sob orientação de Luíza Glória
Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael