Coberturas especiais

Entrega espontânea de animais silvestres cresce 71% em Minas Gerais

Dados foram registrados de janeiro a julho; em entrevista à UFMG Educativa, analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas analisou os dados do primeiro semestre

Papagaios estão entre as espécies que mais chegam aos Centros de Triagem
Papagaios estão entre as espécies que mais chegam aos Centros de Triagem Foto: IEF / Divulgação

A entrega voluntária de animais silvestres e exóticos cresceu 71% em Minas Gerais, entre janeiro e julho deste ano. O aumento se refere a casos de animais que estavam sob tutela indevida de particulares e que foram entregues aos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres do Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão responsável pela gestão da fauna silvestre e exótica em cativeiro em Minas Gerais. 

Nos primeiros sete meses de 2020, o IEF recebeu 575 animais, contra 336 recebidos no mesmo período de 2019, segundo balanço feito pela Diretoria de Proteção à Fauna do instituto. Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta sexta-feira, 28, a analista ambiental do IEF Érika Procópio esclareceu que dois fatores ajudam a explicar o aumento da entrega voluntária, no primeiro semestre deste ano.

Um deles, segundo a especialista, foi a pandemia do novo coronavírus, que forçou as pessoas a ficarem mais tempo em casa, despertando nelas empatia em relação à situação dos próprios animais. “Logo no início da pandemia, muitos entregaram animais por essa razão”, afirmou. O outro fator, de acordo com Érika Procópio, foi a exposição, na mídia, de casos de tráfico de animais. “A divulgação desses casos, acompanhadas de sanções, despertou nas pessoas o medo de punição, incentivando-as a entregarem animais”, destacou.

As principais espécies de animais entregues, neste ano, segundo a analista do IEF, foram papagaios, maritacas, periquitos, jabutis e tartarugas de aquário, todos animais que dependem de autorização para criação em cativeiro. Os órgãos ambientais ressaltam que animais silvestres ou exóticos mantidos em cativeiro nunca devem ser soltos na natureza. Eles devem ser entregues aos órgãos ambientais. 

“A soltura do animal causa impacto no ambiente e também no animal. Ele precisa ter condições para sobreviver em ambiente natural. Animais que estão em cativeiro terão dificuldade para se adaptar e podem morrer rapidamente. Além disso, esses animais devem ser soltos nos locais onde eles já ocorrem naturalmente”, alertou.

A legislação federal e a estadual definem penalidades para quem comercializa, mantém ou guarda animais silvestres sem autorização. Por exemplo, a lei federal conhecida como Lei de Crimes Ambientais prevê detenção de seis meses a um ano e multa para quem captura, vende ou mantém em cativeiro animal silvestre sem autorização. Também existem punições específicas para quem introduz fauna exótica no Brasil.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Em Minas Gerais, a entrega de animais silvestres ou exóticos pode ser feita nos Centros de Triagem, em Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros e Patos de Minas. A entrega voluntária não é penalizada e também pode ser feita de forma anônima. Para isso, a pessoa interessada deve fazer contato com o IEF.

Também é possível denunciar a criação e a manutenção de animais em cativeiro irregular. A pessoa que quiser denunciar pode ligar para o Disque-Denúncia: 181, e para a Polícia Militar de Meio Ambiente, que tem dois telefone: 2123-1600 e 2123-1635. Outro canal que recebe denúncias é a Linha Verde do Ibama: 0800-61-8080. 

Produção de Tiago de Holanda