Saúde

Evento aborda estratégias para reduzir erros de medicação

Especialistas vão discutir como enfrentar desafio global proposto pela OMS

Medicamentos
Reduzir erros de medicação é desafio global lançado pela OMSFoca Lisboa / UFMG

A UFMG recebe, nos dias 3 e 4 de agosto, a sexta edição do Fórum internacional sobre segurança do paciente: erros de medicação. O objetivo do evento, que será realizado no Centro de Atividades Didáticas 1 (CAD1), campus Pampulha, é tratar de estratégias para reduzir em 50% os danos graves e evitáveis relacionados a medicamentos.

Essa meta, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2017, como o 3° Desafio Global de Segurança do Paciente, é considerada “desafiadora e requer políticas que integrem ações múltiplas e simultâneas para ser alcançada”, na avaliação da coordenadora do Centro de Estudos do Medicamento (Cemed) da Faculdade de Farmácia da UFMG, professora Cristiane Menezes de Pádua.

A ideia, segundo a professora, é minimizar os danos causados por erros, na medida em que os medicamentos já contém risco inerente – são classificados de acordo com o potencial de danos possíveis ao paciente. Exemplos de medicamentos com alto potencial de risco são os antibióticos, antibacterianos, opiácios e eletrólitos.

Segundo dados da OMS, os erros de medicação causam pelo menos uma morte todos os dias e prejudicam aproximadamente 1,3 milhão de pessoas anualmente apenas nos Estados Unidos. Embora se considere que os países de baixa e média renda tenham taxas semelhantes de eventos adversos relacionados à medicação às dos países de alta renda, o impacto é aproximadamente dobrado no que se refere aos anos de vida saudável perdidos.

Mundialmente, o custo associado aos erros de medicação foi estimado em US$ 42 bilhões por ano, o que representa quase 1% das despesas de saúde globais, ainda de acordo com a OMS. No Brasil, o Programa Nacional de Segurança do Paciente foi implementado em 2013, mas ainda não há estudos sobre os impactos dessa política.

Quatro aspectos
O desafio de reduzir os erros deve ser focado, segundo a OMS, em quatro áreas: paciente e públicos, medicamento, profissionais de saúde e sistema e práticas de medicação. Cristiane Menezes de Pádua explica que os erros de medicação não estão relacionados a uma pessoa ou episódio único, mas geralmente acontecem em cadeia, passando por ordenamento, prescrição, dispensação, preparo, administração e consumo. "Por isso, a atenção deve ser sobre todos esses aspectos", ela diz.

No que se refere ao paciente, a oferta de informação, em linguagem acessível, é fundamental, na avaliação da farmacêutica. “Quanto mais bem informado o paciente estiver sobre a doença e sobre os medicamentos, mais se reduzem a possibilidade de erro”, alerta.  

Quanto ao foco sobre os medicamentos, o intuito é chamar a atenção para a classificação de risco dos mesmos e o cuidado em sua administração. Cristiane de Pádua observa que alguns medicamentos administrados em ambiente hospitalar, como os antibacterianos e opinoides, são considerados “ameaça mundial e epidemia”, se usados indevidamente.

Outro tipo de cuidado recai sobre o profissional de saúde, que precisa ser bem treinado e capacitado para atuar em ambientes, como hospitais e unidades de emergência, nos quais situações de urgência e estresse induzem a erros. A professora destaca a importância do cuidado também na atenção primária, quando há o primeiro contato entre paciente e profissional. “Muitas vezes, focamos na eficácia do medicamento e deixamos de lado a segurança. Profissionais precisam estar preparados para seguir protocolos básicos, como saber se o paciente tem alergia a algum medicamento e qual o seu peso, para a dosagem correta”, observa.  

Finalmente, dar atenção ao sistema e práticas de medicação significa, por exemplo, cuidar da identificação dos medicamentos que têm nomes e embalagens semelhantes. Sobre esse ponto, Cristiane de Pádua destaca o papel da Anvisa, que deve atuar com informação e orientação.

O farmacêutico também exerce papel fundamental no processo de segurança, segundo a professora. "É um profissional que atua na ponta e pode contribuir orientando os pacientes até mesmo sobre automedicação e uso de genéricos", exemplifica.

Fórum
A programação do fórum internacional sobre erros de medicação abre espaço para relatos de experiências, palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros e lançamento de livro  Realizado pelo Centro de Estudos do Medicamento (Cemed) da Faculdade de Farmácia da UFMG e pelo Instituto para Práticas Seguras no Uso do Medicamentos (ISMP Brasil), o evento deverá reunir cerca de  500 profissionais da área de saúde, gestores e representantes da Anvisa, indústria farmacêutica e pacientes.  

Conheça a programação no site do evento

(Teresa Sanches)