Coberturas especiais

Especialistas temem que pandemia comprometa combate à Aids no Brasil

Infectologista Dirceu Greco, professor da UFMG, comentou situação, em entrevista ao programa Conexões

Pandemia dificulta acesso a diagnóstico e tratamento do HIV no país
Pandemia dificulta acesso a diagnóstico e tratamento do HIV no país Foto: Cesar Brustolin/SMCS / Fotos publicas / CC BY-NC 2.0

Em meio à disseminação da covid-19, o combate a outras doenças pode estar sendo prejudicado no Brasil. Os efeitos da pandemia, inclusive a crise econômica e o aumento da taxa de desemprego, podem dificultar o acesso a formas de diagnóstico e de tratamento de outros problemas de saúde. Uma das preocupações de médicos é que a propagação do novo coronavírus comprometa o avanço da luta contra a Aids, doença causada pelo HIV. 

O Ministério da Saúde (MS) estima que 900 mil pessoas vivam com HIV no Brasil. Dessa população, ainda de acordo com o MS, 135 mil pessoas não saberiam que estão infectadas pelo vírus. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta terça-feira, 25, o médico infectologista Dirceu Greco, professor emérito da Universidade e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), afirmou que a pandemia de covid-19 dificulta ainda mais o diagnóstico e também o tratamento do HIV. “A pandemia pode prejudicar o enfrentamento de todas as doenças infecciosas e não infecciosas”, afirmou. 

Segundo o professor, neste momento a sobrecarga nos serviços de saúde, especialmente nos órgãos de atendimento do SUS, responsável pelo diagnóstico e tratamento do HIV no país, se soma a questões anteriores à pandemia. Algumas delas, segundo Dirceu Greco, são a desigualdade, a pobreza, o desemprego e a falta de acesso em variados campos, além, é claro, dos problemas estruturais enfrentados pelo SUS. 

Apesar de o conhecimento sobre o HIV e a Aids serem mais amplos atualmente, Greco destacou que ainda há muito medo associado ao vírus e ao diagnóstico. “Muitas pessoas ainda têm medo de testar e descobrir a infecção e, por isso, relutam em fazer o teste. Muitos, quando recebem o diagnóstico positivo [para o vírus], acham que a vida acabou”, afirmou. 

Dessa forma, segundo o professor, a preocupação é que, com a pandemia, o acesso dessas pessoas que ainda não têm o diagnóstico seja dificultado.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Produção de Tiago de Holanda