Pesquisa e Inovação

Estudo nacional vai avaliar duração da imunidade contra o coronavírus

Em BH, a pesquisa conduzida pela UFMG, que também focalizará eventuais reinfecções, acompanhará 357 pessoas

Testes rápidos para coronavírus são alternativa para diagnóstico
Testes rápidos de detecção da covid-19 integram a estratégia de monitoramentoFoto: Josué Mamacena | Fiocruz / CC BY-NC 2.0

A partir de dezembro, equipe da UFMG vai integrar estudo nacional realizado pelo Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. O objetivo da pesquisa Avaliação de incidência de infecção por Sars-CoV-2 e de covid-19 (Avisa) é identificar a dinâmica da infecção e a permanência da imunidade nos pacientes que contraíram o novo coronavírus.

Em Belo Horizonte, o estudo é liderado pelo professor Mauro Martins Teixeira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), com a coordenação da professora da Bárbara Maximino Rezende, da Escola de Enfermagem, e da enfermeira Carolina Braga de Resende. Ao longo de 18 meses, serão acompanhadas, em 11 cidades brasileiras, 3.520 pessoas, 357 delas na capital mineira.

“Os participantes foram selecionados por meio de sorteio, em 30 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital. Com base no conceito de saúde da família, vamos investigar famílias inteiras. Inicialmente, faremos testes rápidos de diagnóstico para o coronavírus a fim de descobrirmos se as pessoas estão infectadas ou se já tiveram o vírus. Acompanharemos essas pessoas para avaliar se elas serão infectadas, no caso daquelas que ainda não tiveram o vírus, ou reinfectadas, para entender por quanto tempo os anticorpos permanecem nos organismos daquelas que já tiveram a doença”, explica Mauro Teixeira.

O professor acrescenta que o acompanhamento dos participantes será feito mensalmente, por meio de teste rápido que detecta o vírus. A cada três meses, as equipes da UFMG, formadas por enfermeiros e estudantes de cursos de graduação em enfermagem da capital, coletarão o sangue dos participantes para uma avaliação mais completa do sistema imune. “Esse exame trimestral nos possibilitará entender, de forma mais aprofundada, a resposta imune do organismo ao Sars-CoV-2”, explica Teixeira.

Contaminação e imunidade
Ainda há pouco conhecimento, destaca Mauro Teixeira, sobre a duração da imunidade adquirida pelos infectados e da incidência de reinfecção pelo coronavírus. Ele acredita que o estudo possibilitará avanços na obtenção de dados, mas ressalta que esses conhecimentos não serão os únicos ganhos gerados pela pesquisa. 

“O estudo pode esclarecer sobre a conduta das pessoas durante a pandemia. Vamos aplicar um questionário para investigar se os participantes estão respeitando o isolamento social e aderindo às medidas de prevenção para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Isso contribuirá para entendermos a eficiência das políticas públicas relacionadas à pandemia", analisa o professor do ICB, acrescentando que a iniciativa ajudará também no desenvolvimento de futuras vacinas. "Vamos criar um parâmetro em relação a elas. Entender quanto tempo os anticorpos duram no organismo propicia avançar nesses estudos”, afirma o coordenador dos estudos em Belo Horizonte.

Ao avaliar a incidência de covid-19 em longo prazo e a sua evolução em diferentes cenários e regiões, o estudo de abrangência nacional também possibilitará melhor compreensão da  heterogeneidade da resposta imune e das diferentes apresentações clínicas da doença, que são fatores decisivos para a busca de marcadores de proteção e o planejamento de imunização.

Além de Belo Horizonte, a pesquisa ocorrerá no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Sergipe, Roraima, Rondônia, do Rio de Janeiro, Ceará e Mato Grosso. Durante o acompanhamento dos participantes, os centros de pesquisa clínica, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os hospitais parceiros atuarão de forma integrada, favorecendo o acompanhamento dos participantes e a obtenção dos dados conforme os protocolos do estudo.

Luana Macieira