Arte e Cultura

Exposições abertas no Festival de Inverno permanecem em cartaz

Shows de Aline Calixto no sábado e de José Miguel Wisnik na sexta encerraram programação no campus Pampulha e no Conservatório

Gravuras de Clébio Maduro podem ser visitadas no saguão da Reitoria até outubro
Gravuras de Clébio Maduro poderão ser visitadas no saguão da Reitoria até outubro Divulgação

Os números do 50º Festival de Inverno da UFMG atestam o sucesso desta edição comemorativa do evento. Para as 300 vagas oferecidas nas atividades que demandaram inscrição, houve um montante de 450 inscritos. Ao todo, 120 artistas se apresentaram ou ministraram alguma atividade durante os nove dias de Festival.

Se o Festival de Inverno acabou neste sábado, 28, as duas exposições inauguradas durante o evento seguem em cartaz. No saguão da Reitoria, no campus Pampulha, está montada a exposição Clébio Maduro: obra gráfica, que reúne 97 obras do artista, que é um dos mais importantes nomes da gravura no Brasil. A exposição pode ser visitada até 26 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

No Centro Cultural, está em cartaz a exposição Festival de Inverno da UFMG: 50 anos de arte, cultura e conhecimento, que reúne cartazes de edições passadas do evento, além de outros objetos e documentos históricos, como matérias jornalísticas, fotografias e vídeo-documentários. A mostra pode ser visitada até 31 de agosto, de terça a sexta, das 10h às 21h, e aos sábados, das 10h às 18h. A entrada é gratuita. Em vídeo sobre a exposição, a TV UFMG traz entrevista com Fabrício Fernandino, seu curador:

Eclipse lunar
O encerramento do Festival ocorreu neste sábado, com show de Aline Calixto no campus Pampulha. No Conservatório UFMG, a programação foi encerrada na noite do dia anterior, sexta-feira, com conferência-show de José Miguel Wisnik, que se destaca por desinstitucionalizar a relação entre palco e plateia e humanizar a relação do artista com o público.

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José Miguel Wisnik em conferência-show no Conservatório UFMGFoto: Foca Lisboa / UFMG

Ao piano, José Miguel Wisnik apresentou várias de suas composições e lembrou, como um bom contador de histórias, alguns detalhes dos bastidores de seu processo produtivo, o que se fez particularmente interessante para os estudantes de música que participaram do evento. A apresentação transcorreu como um bate-papo informal, regida pelo eclipse lunar que atravessou tematicamente toda a conferência.

“Antigamente, dava-se mais atenção a esse tipo de coisa [eclipses e as significações metafísicas para eventualidades cósmicas]. Hoje, é a poesia que dá essa atenção. Ela trabalha com coisas sutis desse tipo. Na verdade, a relação música-palavra está muito relacionada a isso”, disse, iniciando, bem ao seu modo, um desvio inesperado na direção da conversa – na ocasião, em direção a uma reflexão sobre as dificuldades de se produzir letra para músicas de outros artistas.

“Para mim, fazer letra para uma música [já existente] é uma coisa muito demorada, sofrida – maravilhosamente sofrida. Porque é uma coisa que você tem de ir descobrindo aos poucos. É como se fosse uma charada”, disse, lembrando que, ao contrário, fazer música para textos preexistentes é, para ele, relativamente simples. Na ocasião, o músico explicitou seu argumento tocando a música que fez para o poema Anoitecer, de Carlos Drummond de Andrade, que pode ser ouvida abaixo:

“É que a poesia cantada é uma superforma fixa. Então [colocar letra em músicas já prontas] é uma coisa cirúrgica, [que precisa ser feita] a conta-gotas. Porque é sílaba por sílaba. Não basta querer dizer alguma coisa. A frase tem de ir no ritmo, no peso ou na leveza, do arco da frase melódica. A medida já está predeterminada”, lembrou, sempre exemplificando suas reflexões, de forma a se fazerem, também, didáticas aos leigos.

De Arnaldo Antunes a Luiz Tatit, de Milton Nascimento a Maria Bethânia, de Drummond a Guimarães Rosa, de Tom Zé a Caetano Veloso, do Grupo Corpo ao cineasta Walter Salles, Wisnik fez de sua conferência uma viagem musicada pela alta cultura brasileira. Ao fim de suas duas horas de show, o artista foi aplaudido de pé pelo público que encheu o auditório da unidade.

Jose Miguel Wisnik em conferência: ajuste fino entre bom humor e excelência artística
Jose Miguel Wisnik, o bom 'lunático': ajuste perfeito entre bom humor e excelência artística Foto: Foca Lisboa / UFMG