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Filmes lançados no Brasil em 2016 não retrataram diversidade do país

Dados são da pesquisa ‘Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016’, da Ancine

A composição étnica da sociedade brasileira é extremamente variada, resultado da confluência de povos indígenas originais, colonizadores europeus e negros africanos. Em um recorte de gênero, há mais mulheres do que homens em nosso país. Mas essa diversidade não aparece no mercado cinematográfico brasileiro.

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) divulgou a pesquisa Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016, que revela que mais de 75% dos filmes de 2016 foram dirigidos por homens brancos.

Estudo mostra que direção dos filmes nacionais é predominantemente masculina
Estudo mostra que direção dos filmes nacionais é predominantemente masculina Reprodução / Ancine

A realidade da representatividade no cinema nacional foi tema do programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta sexta-feira, 26.  Em entrevista, a superintendente de análise de mercado da Ancine, Luana Rufino, abordou os dados da pesquisa.

De acordo com a superintendente de análise de mercado da Ancine, a pesquisa surgiu de uma inquietação acerca da baixa aparição de pessoas negras nos filmes nacionais. “Nas telas e nos filmes, a sensação é de que a gente não vê a população brasileira sendo representada”, disse.

Segundo Rufino, pesquisas de representatividade de gênero começaram a ser realizadas em 2014. “Há quatros anos a gente faz estudos de análise de gênero. Por conta da representação da população negra, a gente quis ver se de fato os negros estavam sendo representados no cinema brasileiro. Isso por conta de uma observação de que a maioria dos filmes só tinha atores brancos”, explicou.

Luana Rufino explicou que a pesquisa buscou observar não apenas para a presença de atores, mas também para a equipe técnica. “Olhamos de forma especial para as principais carreiras técnicas, diretores e roteiristas, pois elas influenciam toda a cadeia da produção audiovisual”, afirmou.

“A gente constatou que, por conta das principais carreiras técnicas, que definem as narrativas, que são os diretores e roteiristas, serem ocupadas majoritariamente por pessoas brancas, a presença negra é ínfima também nas outras carreiras”, explicou.

Dados da pesquisa revelaram que quando o diretor é negro, a chance de o roteirista ser negro aumenta em 43%; nesse caso, a chance de a produção contar com atores negros aumenta em quase 66%. Quanto o roteirista do filme é negro, a chance de a produção ter atores negros cresce em 55%. “Percebemos que é por conta da falta de pessoas negras no roteiro e na direção que o brasileiro não se vê no cinema”, pontuou.

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Outras informações sobre o cinema nacional podem ser consultadas no site da Ancine, onde também está disponível a pesquisa divulgada nessa quinta-feira, 25.