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Governo Federal cria força-tarefa para lidar com venezuelanos em Roraima

Especialista avalia intenções por trás das medidas do governo brasileiro

Venezuelanos chegam ao Brasil pela cidade de Pacaraima, em Roraima, em busca de emprego e de alimentos
Venezuelanos chegam ao Brasil pela cidade de Pacaraima, em Roraima, em busca de emprego e de alimentos TV Brasil

Na tentativa de resolver a crise migratória de venezuelanos em Roraima, no Norte do país, órgãos federais vão atuar em conjunto com o estado e municípios para atender a imigrantes e à população roraimense. O presidente MIchel Temer afirmou durante o Carnaval que deve editar uma medida provisória sobre o assunto até esta quinta-feira e que vai garantir recursos para o estado. 

O comitê de acompanhamento será coordenado pelas Forças Armadas e focará em aspectos humanitários e de segurança. Entre as ações que vão ser adotadas estão: duplicação de efetivo militar nos postos de fronteira e dos postos de controle no interior do estado, especialmente na ligação entre Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, e Boa Vista; instalação de um hospital de campanha; construção de um centro de triagem nos municípios da região; e reforço na vigilância de fronteira. 

Apesar de achar que a visita de Temer à Roraima foi um ato oportunista para fortalecer sua base de aliada na região, o professor e coordenador do curso de Relações Internacional da Universidade Federal de Roraima, João Carlos Jarochinski, acredita que essa iniciativa do governo federal pode abrir as portas para medidas importantes que só podem ter efeito positivo a longo prazo.

Roraima lida desde 2015 com a chegada desenfreada de venezuelanos, cujo êxodo é motivado pela crise política, econômica e social do país. Segundo estimativa da Prefeitura de Boa Vista, até o momento já são 40 mil venezuelanos, o que equivale a mais de 10% dos cerca de 330 mil habitantes da capital do estado. 

Na avaliação do professor João Carlos Jarochinski, Roraima é um estado novo, onde o velho coronelismo e o patriarcalismo político são muito fortes. Ele alerta que, com a chegada de um grupo politicamente desinteressante para as oligarquias regionais - que não participa eleitoralmente - é fortalecido o discurso de responsabilizar o estrangeiro por tudo de ruim que acontece.

Apesar do governo federal ainda não determinar o valor que vai liberar para as questões migratória em Roraima, o estado já sinalizou que precisa de  15 milhões para todas as ações relacionadas ao fluxo migratório na região. Nos últimos três anos já foram feitos mais de 20 mil pedidos de refúgio de venezuelanos em Roraima.

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