Extensão

Em encontro no CAD1, bolsistas de extensão compartilham experiências

Jornada também contará com participação de representantes de comunidades envolvidas

“Uma adolescente que se diz travesti denuncia a desmontagem do seu corpo no momento da apreensão pela polícia. No sistema socioeducativo, ela se vê forçada a usar o nome de registro e suas roupas de menino. Ao ser acolhida pelo projeto de extensão Janela da Escuta, expressa o desejo de cumprir a medida socioeducativa em uma unidade feminina, usando o nome escolhido por ela.”

O trecho resume uma situação apresentada ao projeto coordenado pela professora Cristiane de Freitas Cunha, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina. “O Janela da Escuta acolhe de maneira viva o jovem e quem o acompanha. E trabalha a construção do caso, articulando família, território e políticas públicas. É um lugar dedicado à saúde e à arte, que surpreende os jovens e os profissionais que são convidados a ouvir o jovem e a si mesmos”, explica a coordenadora.

Janela da Escuta é um dos projetos que serão apresentados na 17ª Jornada de Extensão da UFMG, que será realizada nesta quarta-feira, 23, a partir das 14h, no auditório do Centro de Atividades Didáticas (CAD I), campus Pampulha. Aberto ao público, o evento foi abordado em matéria publicada na edição 2016 do Boletim UFMG.  A expectativa é reunir 700 estudantes de graduação dos campi Pampulha e Montes Claros que recebem bolsas dos editais de fomento à extensão. Também participarão estudantes voluntários que atuam nas ações de extensão. As inscrições são efetuadas por meio do Minha UFMG.

A reitora Sandra Goulart Almeida destaca que, ao envolver os diversos atores da comunidade universitária e membros da comunidade externa e de movimentos sociais, a Jornada de Extensão da UFMG colabora para a interação da Universidade com a sociedade por meio da produção, divulgação e troca de saberes plurais. “É um momento oportuno para reforçar o papel formador da extensão universitária, em permanente integração com o ensino e a pesquisa, pensando em estratégias para ações conjuntas e de impacto para a UFMG e a sociedade”, comenta.

Dimensão formativa
A pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga, explica como o evento se estrutura. “Nos próximos quatro anos, pretendemos que a Jornada seja um espaço para aprofundar os princípios da extensão. Neste ano, começaremos por apresentar a extensão universitária como ação acadêmica que colabora com as transformações da sociedade – dos sujeitos, territórios, comunidades e instituições. Dessa forma, pretendemos fortalecer a dimensão formativa da Jornada”, esclarece.

Avelin Buniaka, da etnia Kambiwá: escuta generosa
Avelin Buniaka, da etnia Kambiwá: escuta generosa Arquivo pessoal

Em 2017, segundo o Sistema de Informação da Extensão (Siex), cerca de 12 mil pessoas – entre estudantes de graduação e pós, pessoas de fora da comunidade universitária, além de servidores docentes e técnico-administrativos – atuaram em mais de 3.300 ações. Além do Janela da Escuta, serão apresentados os programas Morar Indígena, vinculado à Escola de Arquitetura, e Observatório da Juventude da UFMG, da Faculdade de Educação. O bate-papo terá participação de três bolsistas e três membros das comunidades, que vão relatar suas experiências e impressões sobre a extensão na UFMG. A mediação será de Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre a Mulher da Fafich.

A aluna de Arquitetura Gabriela Tavares, bolsista do Morar Indígena há três anos, ressalta a transformação humana e social, além do ganho acadêmico que o projeto proporcionou. “Tive contato com culturas diferentes, e isso mudou a forma como observo a cidade e a relação com as pessoas. Em Belo Horizonte, as populações indígenas não são tão bem acolhidas, e vamos dialogar sobre os desafios que enfrentam. Também vamos divulgar a cartilha #indianizabh, elaborada pelo projeto, que estimula o acolhimento aos indígenas no espaço urbano.”

A Jornada vai receber também a socióloga Avelin Buniaka Kambiwá, da etnia Kambiwá, de Pernambuco. Fundadora do Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena, coletivo que surgiu há cinco anos e reúne pessoas de várias etnias em busca de soluções para a vida na capital, ela afirma que o projeto de extensão leva os alunos à realidade dos indígenas. “Expomos nossas demandas numa relação de escuta generosa e de empatia. Por meio do Morar Indígena, potencializamos nossas lutas de forma prática e institucional.”

Luísa Nonato, do Observatório da Juventude
Luísa Nonato, do Observatório da Juventude Arquivo pessoal

Outro destaque do evento é o Observatório da Juventude da UFMG, que será apresentado pela estudante Luísa Nonato, do 8º período de Geografia. “Me identifico com a proposta de pensar as juventudes em suas mais diversas possibilidades. O programa é responsável por minha permanência na Universidade, pois me ajudou a me reconhecer como mulher, negra e periférica e, acima de tudo, com direitos”, relata.

A programação da Jornada de Extensão inclui apresentação do bloco carnavalesco formado por mulheres, iniciativa vinculada ao programa Atenção Integral à Saúde da Mulher em Situação de Violência, da Faculdade de Medicina. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone (31) 3409-3215 e pelo e-mail eventos@proex.ufmg.br. A programação está disponível no site da Proex.

 

Zirlene Lemos / Boletim 2016