Pesquisa e Inovação

Jornalismo como 'ator colonizado e colonizador' é tema de livro de professor da Fafich

Obra, que está disponível na internet, abriga reflexão sobre o caráter plural da atividade, que contraria a ideia de homogeneidade e estabilidade que permeia seus discursos autorreferentes

Capa do livro recém lançado pela Editora CRV
Capa do livro recém-lançado pela Editora CRV Imagem: Divulgação

Está disponível, para download gratuito, o livro O jornalismo como ator social colonizado e colonizadordo professor Carlos Alberto de Carvalho, do Departamento de Comunicação Social da Fafich. Lançado recentemente pela Editora CRV, o volume, fruto de uma trajetória madura e consolidada de pesquisa, “é uma releitura densa e crítica de valores e conceitos aparentemente pacificados na discussão sobre as experiências jornalísticas e que joga pontos de sombreamento decisivos sobre como abordá-las em suas disputas de sentido e em jogos de poder”, analisa, em prefácio, o professor Phellipy Jácome, colega de Departamento e de grupos de pesquisas em comum com Carvalho.

Os oito capítulos, organizados em 156 páginas, trazem investigações das “condições teóricas, metodológicas e atividades práticas que fazem com que o jornalismo se submeta a lógicas de colonização, ao mesmo tempo que atua como colonizador”, comenta Carvalho.  Segundo ele, as reflexões apresentadas “visam pensar jornalismos mais éticos e mais plurais”.

“O jornalismo, no singular, tende a ser visto, em seus discursos autorreferentes e em muitas teorias normativas, como uma entidade estável, homogênea, como se suas funções e seus compromissos fossem pré-estabelecidos e imutáveis em quaisquer paisagens históricas”, comenta Jácome, ainda no prefácio. No entanto, prossegue Jácome, Carvalho, em seu livro, “apresenta uma perspectiva contrária a essa lógica universalizante, que imagina o jornalismo como algo apartado da política — quando é por meio dela que a diversidade humana e não humana pode ser reconhecida e estimulada”. 

"É indispensável um adendo fundamental sobre a necessidade de reconhecer a pluralidade que se oculta na referência ao jornalismo no singular”, alerta o professor Carvalho na página 25 da obra: “Seja pelos variados dispositivos que suportam, dão suporte e moldam o jornalismo, nas modalidades impressas, eletrônicas, sonoras, visuais, verbovisuais, verboaudiovisuais e outras possíveis, seja por orientações editoriais distintas, o jornalismo é potencialmente plural. Como plurais são seus compromissos éticos (ou a falta deles), suas configurações estéticas, suas adesões políticas, econômicas, culturais, comportamentais, ideológicas etc. Plurais são também os jogos de poder e as disputas de sentido estabelecidas com outros atores sociais, determinantes para a própria credibilidade ou descrédito em relação às ações e informações jornalísticas”, define.

O livro teve financiamento do CNPq, por meio de bolsa produtividade, e pela Fapemig, por meio de projeto do Programa Pesquisador Mineiro. Os estudos que embasam as reflexões foram apoiados por agências de fomento (Capes, CNPq, Fapemig e FCT-Portugal), pela UFMG e pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).  

Livro: O jornalismo ator social colonizado e colonizador
Autor: Carlos Alberto de Carvalho
Editora: Editora CRV
156 páginas