Coberturas especiais

Lançamento de bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki completa 75 anos

Professor da USP Alexandre Uehara falou sobre esse triste episódio da história mundial e analisou, em entrevista ao programa Conexões, como o Japão se reconstruiu após os ataques

Memorial da Paz de Hiroshima lembra as vítimas dos ataques nucleares na Segunda Guerra
Memorial da Paz de Hiroshima lembra as vítimas dos ataques nucleares na Segunda Guerra Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas (06/12/2014) / CC BY-NC 2.0

Setenta e cinco anos após o lançamento das bombas nucleares sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra Mundial, pelos Estados Unidos, as tradicionais homenagens às 200 mil vítimas dos dois ataques foram reduzidas no Japão. Em meio à pandemia do novo coronavírus, com restrições de grandes eventos para conter a transmissão da doença, neste ano, a cerimônia das lanternas flutuantes de Hiroshima, colocadas na água durante a noite, em memória das vítimas, foi cancelada. 

Os japoneses acompanharam, pela internet, a principal solenidade em Hiroshima, na última quinta-feira, 6, com a participação de sobreviventes e familiares, do primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, e de outras autoridades. Em Nagasaki, o domingo foi de homenagens, com restrição de participantes. O número de pessoas autorizadas foi reduzido em 90% em relação aos anos anteriores.

Apesar das manifestações restritas, os dias 6 e 9 de agosto, datas dos dois ataques, são lembrados todos os anos no Japão. Nesta segunda-feira, 10,o professor Alexandre Uehara, mestre e doutor em Ciência Política pela USP, onde atua como docente do Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa, falou sobre esse triste episódio da história mundial e analisou, em entrevista ao programa Conexões, como o país se reconstruiu depois das bombas atômicas.

Segundo o professor, os ataques foram "um marco importantíssimo" na história japonesa, e dividiram o país em "um antes" e "um depois" da bomba nuclear. "O Japão tinha uma política bastante expansionista, de ocupação de territórios vizinhos, com exército e marinha muito fortes. Após a rendição, o país adotou uma constituição pacifista, que faz algumas restrições à utilização de forças militares e, desde então, tem sido um país que tem adotado uma linha bastante reservada em termos de armas e uso militar", avaliou.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Durante as homenagens, o prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, fez um apelo para que o governo japonês assine o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares da ONU, já ratificado por cerca de 40 países. No entanto, o Japão, a primeira nação vítima de uma bomba atômica no mundo, continua se recusando a tomar a medida. Desde os ataques a Hiroshima e Nagasaki, nenhum outro país voltou a usar bombas nucleares. 

Produção de Alessandra Ribeiro