Notícias Externas

Livro ‘Trono de Cangalha’ resgata tradição do cangaço em sua dualidade entre heroísmo e crime

Primeiro romance do professor sergipano Aroldo Veiga faz uma analogia da atuação do movimento nas ditaduras do Estado Novo e militar

Projeto já é antigo, mas o tempo livre na pandemia deu ao autor a oportunidade de finalizar e publicar a obra
Projeto já é antigo, mas o tempo livre na pandemia deu ao autor a oportunidade de finalizar e publicar a obra Reprodução / Facebook Aroldo Veiga

Absorvendo as referências do sertão nordestino, o escritor sergipano Aroldo Veiga apresenta Trono de Cangalha, a história de um anti-herói que leva a luta dos seus antepassados da caatinga para a zona urbana. Na trama, que se desenrola entre as décadas de 1960 e 1980, conhecemos Laércio Ramalho, um jovem inspirado pelas histórias de cangaceiros que ouvia na infância. Tendo como pano de fundo alguns fatos da história recente do país, como o AI-5 e a Guerrilha do Araguaia, a personagem é conduzida pela memória de seus heróis para empunhar armas e lutar contra o governo. Violência, solidão urbana, desobediência civil, coragem e rebeldia se misturam neste livro, que faz um mergulho nas entranhas de um Brasil pouco conhecido.

O escritor de Aracaju, capital do Sergipe, Aroldo Veiga foi convidado a falar sobre a obra no programa Universo Literário desta segunda, 31. Na conversa, o professor de Educação Física contou que foi natural lançar o primeiro romance, pois sempre teve paixão pela leitura e acredita que quem lê bastante acaba sentindo a necessidade de escrever. Veiga detalhou que a obra busca fazer uma analogia entre a atuação dos cangaceiros nos anos 30, durante a ditadura de Vargas, e nas décadas de 60 a 80, período da ditadura militar.

O autor explicou que o fenômeno surgiu décadas antes de Lampião, com Jesuíno Brilhante, conhecido como um cangaceiro romântico, e como o movimento influencia o anti-herói Laércio Ramalho. “A ideia foi justamente criar um personagem dual, que tanto tem esse lado heroico quanto o lado criminoso. Durante a vida inteira, ele oscila entre esses dois mundos. Ele é neto de cangaceiro e não aceita muito essa herança. Ele luta para se livrar desse estigma, mas é uma coisa que está no sangue dele, não tem como fugir. Então, a ideia do personagem foi exatamente a de retratar o cangaço na sua dualidade”, sintetizou. 

O educador também refletiu sobre o papel fundamental da arte como instrumento de resistência e esperança. Dentro desse universo, ele considera a literatura o carro-chefe. Para o autor, os livros ensinam sobre o mundo real com certo divertimento. Aroldo Veiga citou ainda suas principais influências literárias. Mais informações sobre Trono de Cangalha, estão no site do escritor.

Produção: Laura Portugal e Marden Ferreira, sob orientação de Luiza Glória e Hugo Rafael
Publicação: Alessandra Dantas