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Massacre no Jacarezinho: Pesquisadora do Crisp aponta falhas na ação policial mais letal do RJ

Professora da UFMG Ludmila Ribeiro analisa as consequências da alta letalidade da operação que deixou 28 mortos, sendo 27 civis e um policial

Manifestação em solidariedade ao Jacarezinho na Avenida Paulista, em São Paulo
Manifestação em solidariedade ao Jacarezinho na Avenida Paulista, em São Paulo Roberto Parizotti/FotosPublicas

Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro na quinta-feira, 6, resultou na morte de 28 pessoas na comunidade do Jacarezinho, zona norte do Rio. Entre as vítimas, há 27 civis e um policial, além de feridos. De acordo com a instituição, a ação foi motivada por denúncias de aliciamento de crianças e adolescentes para o tráfico de drogas. Pelas redes sociais, moradores relataram que a operação deixou mais vítimas do que as computadas pela polícia. 

A ação policial foi dada como uma das mais violentas do Rio de Janeiro e condenada por várias organizações de direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) pede investigação independente sobre a incursão na favela do Jacarezinho, que aconteceu em meio a uma proibição. Em junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu as operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia, permitindo ações apenas em hipóteses excepcionais aprovadas previamente pelo Ministério Público.

A professora do Departamento de Sociologia da UFMG e pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) Ludmila Ribeiro foi a entrevistada do programa Conexões desta segunda, 10. Ela ressaltou que não é papel da polícia julgar suspeitos e, sim, defender vidas. “Brasil não tem pena de morte e, ainda que tivesse, essa pena de morte só poderia ser aplicada depois de um processo penal. O fato da polícia entrar atirando e dizendo que matou bandidos significa que a polícia está fazendo julgamento antes mesmo de um processo penal começar, antes mesmo de ser iniciado qualquer tipo de apuração de responsabilidades e a polícia está indo na contramão de qual é o seu dever. Se o seu dever é garantir a segurança, se o seu dever é garantir a vida, como ela vai começar a operação atirando?”, questionou.

A pesquisadora do Crisp também falou sobre as falhas na política de guerra às drogas, comentou sobre as características da polícia do Rio de Janeiro, abordando a intensa atuação das milícias no estado, e apontou o que poderia ser feito para que esse tipo de operação policial violenta não volte a acontecer.

Ouça a conversa com Luiza Glória

Produção: Alessandra Dantas e Flora Quaresma, sob a orientação de Luiza Glória

Publicação: Alessandra Dantas