Institucional

'Escola que rejuvenesce': memórias e debates marcam oito décadas da Fafich

Para reitora Sandra Goulart Almeida, futuro da unidade deve seguir história de excelência, relevância social e resistência democrática

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Comunidade da Fafich estará reunida durante todo o dia
Foca Lisboa / UFMG

“A Fafich, aos 80, é quase um bebê: em sua energia inquiridora, em sua vertigem de desenvolvimento, em sua capacidade de aprender”, afirmou, na manhã de hoje (quinta, 14), o diretor pro tempore da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, Bruno Wanderley Reis. Ele compôs a mesa de abertura da jornada que celebra, ao longo do dia, oito décadas da fundação da unidade. Nessa mesma linha, citou uma frase-lição do professor Morse Belém Teixeira, dita há 50 anos: “Nós envelhecemos, a escola rejuvenesce.”

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Bruno Reis: energia inquiridoraFoca Lisboa / UFMG

Bruno Reis esteve ao lado da reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, do vice-diretor Alessandro Moreira, do reitor na gestão 1994-1998, Tomaz Aroldo da Mota Santos, e do professor Ivan Domingues, do Departamento de Filosofia, que coordenou a comissão organizadora do evento. As atividades ao longo do dia incluem conversas sobre a memória da Fafich e o futuro das humanidades, sempre no auditório Sônia Viegas, no térreo do prédio da unidade.

Sandra Almeida destacou o compromisso com a Fafich, desde sua origem, com a formação de professores e a reflexão crítica. E disse que os 80 anos de história da unidade são “inspiração para o desenho de nosso futuro”. “A Fafich sempre escolheu, e estou segura de que sempre escolherá, a educação de qualidade, como bem público e direito de todos, as propostas mais inovadoras, a busca incansável do conhecimento, a reflexão inquietante e a aspiração de autonomia e liberdade.”

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Ivan Domingues: identidade, orgulho e autoestima
Foca Lisboa / UFMG

Ao ressaltar o papel historicamente exercido pela Fafich, Ivan Domingues afirmou que nenhuma das mais importantes universidades do mundo pode passar sem as ciências humanas e sociais, assim como a filosofia, “como centros de pensamento sobre os destinos da humanidade, de um país ou de um povo”. Disse Domingues que “é essa missão que nos dá identidade. É aqui que residem nosso orgulho, nossa autoestima e a nossa razão de ser como professores, pesquisadores, estudante e intelectuais das humanidades”.

'Altivez e serenidade'
Sandra Goulart Almeida lembrou que, nos últimos 80 anos, os tempos foram diversos, em um país “que mudou, no qual tanto se fez para avançar, mas no qual também tanto permaneceu como sempre foi”. Segundo ela, a Fafich, “casa de tantos que marcaram a história da filosofia e das ciências humanas no Brasil”, atravessou esses tempos pautando sua atuação “pelo protagonismo nesses campos do saber”.

No campo político, continuou a reitora, a Fafich deu seguidas provas, em tempos “brutalmente adversos”, de altivez e serenidade, e nunca optou por “ficar do lado fácil”. “Mesmo diante de atrocidades como a perseguição e a tortura de professores, servidores e estudantes, a Faculdade, assim como a UFMG, não capitulou. A cada intromissão que se anunciava correspondia o gesto corajoso da resistência”, disse Sandra Almeida, lembrando que ela também é “faficheira”, porque cursou na unidade o ciclo básico do curso de Letras.

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Sandra Almeida: ação contundente na vida acadêmica e na sociedade
Foca Lisboa / UFMG

Sobre a filosofia e as ciências humanas, Sandra enfatizou que, para além da função de produção e transmissão de conhecimento, elas “tornam-se causa, na medida em que se reconhecem sua enorme centralidade em um projeto de país soberano e próspero e seu estatuto de requisito insubstituível para a superação da desigualdade estrutural que faz persistir nosso status quo, que é injusto e eticamente inconcebível”. Por tudo isso, prosseguiu a reitora, a UFMG e, em especial, a Fafich sempre estiveram no palco de reflexões sobre o ponto mais sensível de uma sociedade: sua reflexão crítica, seu método científico de análise, o questionamento do mundo ao redor”.

Sandra Goulart Almeida afirmou ainda que o futuro da unidade estará certamente apoiado na continuidade natural de seu papel como símbolo de resistência democrática e de excelência e relevância social. “É imprescindível que a Fafich se posicione sempre como protagonista de ações que venham a intervir de maneira contundente tanto na vida acadêmica de nossa instituição quanto na sociedade com a qual interagimos”.

Leia sobre as comemorações e a história da Fafich em matéria publicada ontem pelo Portal UFMG.