Ensino

Mestrado Profissional oferecido pela UFMG desafia professores a inovar na educação pública

Por meio de atividades e oficinas, estudantes sentem-se mais pertencentes à sala de aula

Buscando aperfeiçoar a experiência em sala de aula de professores que atuam na educação pública, o Mestrado Profissional da Faculdade de Letras da UFMG (ProfLetras), foi criado em 2013 com o intuito de promover transformações significativas por meio de pesquisa, levantamento de dados e, principalmente, atividades práticas. Em entrevista à TV UFMG, o professor e coordenador do Programa de Mestrado Profissional em Letras, Luiz Francisco Dias, fala sobre o impacto positivo da produção de conhecimento por meio das atividades práticas.

Já no primeiro período, o mestrando é desafiado a procurar inquietações em sala de aula para, a partir delas, intervir de maneira dinâmica e criativa. A proposta deve fazer uso de recursos tecnológicos e estar adequada a realidade dos estudantes. Pensando nesta inquietação, o mestre em Letras Guilherme Nicácio abordou a maneira que os seus estudantes, do oitavo ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professor Pedro Guerra, recebem as notícias. "O letramento em cultura da informação como direito à formação cidadã" é o tema da sua dissertação, que detalha como os estudantes recebem e entendem as informações passadas.

A partir de seis oficinas que passaram pela análise de notícias falsas, a composição de títulos, a maneira como diferentes jornais veiculam a mesma informação e, também, de visita à sede de um jornal de grande circulação em Belo Horizonte, os jovens foram provocados a escreverem as próprias notícias, tendo como tema os acontecimentos da escola, entrevistando outros estudantes, professores e funcionários. Como resultado, o professor relata que há um claro avanço no nível de letramento destes alunos, cujos textos se tornaram uma publicação.

Em Santa Luzia, a mestre em Letras Angélica Gonçalves desenvolveu, no ano passado, uma série de oficinas e atividades com estudantes do nono ano do ensino fundamental da Escola Estadual Lafaiete Gonçalves. A inquietação que norteia a sua dissertação, “Eu, da periferia: a crônica no processo de formação de identidade no espaço escolar”, é a incerteza de como incluir, de maneira que significativa, a escrita e o pensamento crítico na rotina escolar dos seus alunos. 

Foram, ao todo, doze oficinas e atividades que permearam a fotografia, feminicídio, a ideia de invasão contra a de ocupação e direitos humanos que buscava “revelar” o Conjunto Palmital em seus âmbitos econômico, político, social e histórico, para que pudesse ensinar aos alunos a língua de maneira que fizesse sentido e estivesse próxima da realidade deles. O objetivo final era, por meio das reflexões, escrever um livro de crônicas que ressignificasse as experiências destes estudantes em sua comunidade, alterando a sua perspectiva sobre o lugar onde viviam.

Depois de impressos, os livros foram autografados pelos estudantes que relatam terem sentido orgulhoso ao verem seus textos tomando forma no papel, apesar das dificuldades ortográficas e de falta de conhecimento prévio do formato de uma crônica. Angélica, assim como Guilherme, relata em entrevista que as produções escritas dos estudantes antes e depois dessas atividades são notoriamente diferentes e que o grau de letramento deles mostrou avanços.

Como se torna notável a partir das experiências relatadas, o Mestrado Profissional oferece aos professores que atuam na Educação Pública uma nova perspectiva, possibilitando que se tornem, também, pesquisadores em sala de aula para que possam contribuir efetivamente para a sua formação.

ProfLetras – Mestrado Profissional em Letras
Público-alvo: Professores que atuam na educação pública
Linha de pesquisa: Linguagens e letramentos: Teoria da linguagem e ensino e Leitura e produção textual
Site: profletras.letras.ufmg.br
Telefone da Secretaria: (31) 3409-6045