Pesquisa e Inovação

Modelo analítico do Cedeplar indica que desmatamento zero na Amazônia é possível

Investimento e implementação de práticas sustentáveis na agropecuária podem gerar ganhos econômicos

A aceleração do desmatamento do Bioma Amazônia é um tema recorrente e relevante no Brasil e no mundo. Apenas em 2020, de acordo com dados do PRODES, projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram desmatados 10,3 mil quilômetros quadrados de floresta. Esse é o segundo maior índice da última década, perdendo apenas para 2019, quando foram desmatados 10,7 mil quilômetros quadrados. Além da extinção de espécies animais e vegetais, esse desmatamento também é responsável pelo sério desequilíbrio do ecossistema, que contribui para fatores como o aumento da temperatura do planeta e da emissão de gases de efeito estufa, assim como a diminuição do índice pluviométrico do país.  

O uso da terra como fator produtivo é o principal responsável pelo desmatamento constante e crescente do bioma Amazônia, principalmente voltado para a expansão agropecuária. Entretanto, como demonstra o cenário desenvolvido com base no modelo de simulação BLUME (sigla para Brazilian Biomes, Land Use and Emissions Economic Model) desenvolvido pelo NEMEA-Cedeplar, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, o crescimento e a manutenção produtiva da região é possível mesmo com a erradicação do desmatamento. O modelo permite observar como a implementação de políticas verdes e contra a expansão territorial legal para fins produtivos, além de não serem impeditivos do crescimento, promovem ganhos econômicos e ambientais. 

O cenário de desmatamento zero criado vai do ano 2021 até 2040 e pressupõe um investimento financeiro de 1,45 bilhões de reais em vinte anos, montante que equivale a 0,02% do PIB da região do Bioma Amazônia por ano nesse período. O valor seria destinado a práticas de produção agropecuária mais eficazes, já conhecidas no país, como: sistemas de pastagem rotativos, desenvolvimento de sementes mais eficazes e a própria mecanização da cadeia produtiva. A captação de recursos para investimento poderia ser feita até mesmo por meios já tradicionais, como pelo Plano ABC, coordenado pela Embrapa, e pelo Fundo Amazônia, iniciativa internacional de combate ao desmatamento. 

Em entrevista concedida à TV UFMG, o coordenador do curso de Ciências Econômicas e pesquisador do Cedeplar Edson Domingues detalha o cenário desenvolvido pelo modelo de simulação BLUME e fala sobre as possibilidades do desmatamento zero no Bioma Amazônia, dos seus custos e benefícios econômicos e ambientais. 

Equipe: Vitória Fonseca (produção), Otávio Zonatto (edição de imagens) e Renata Valentim (edição de conteúdo)