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No Dia Nacional da Adoção, conheça perfil que busca desmistificar tabus relacionados ao tema

Adotada aos 7 dias de vida, Fernanda Tuna criou canal em rede social para refletir e ressignificar a prática a partir de sua experiência: ‘Quando eu não tive vergonha do termo, ficou muito melhor’

Fernanda Tuna, criadora da página ‘Eu, Adotiva’
Fernanda Tuna, criadora da página ‘Eu, Adotiva’ Reprodução/Instagram euadotiva

Nesta terça, 25 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Adoção. A data foi instituída oficialmente em 2002 como o dia para conscientização e reflexão sobre o ato de adotar, mas desde 1996, quando ocorreu o Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção, diversas ações e campanhas são desenvolvidas com o objetivo de desmistificar e naturalizar o tema. O Brasil tem mais de 36 mil crianças para adoção e mesmo com números altos como esses, há ainda pouca discussão e muito preconceito sobre o tema na sociedade. Sentindo falta de um espaço de troca e visibilidade para falar sobre a vivência da adoção sob a perspectiva da pessoa adotada e abrir um amplo debate, a ativista social, professora, filha adotiva e mãe Fernanda Tuna, criou, recentemente, um perfil no Instagram, o Eu, Adotiva.

Fernanda foi a entrevistada do programa Conexões desta terça, 25. Ela foi adotada com 7 dias, ficou sabendo disso aos 11 anos e conheceu a família biológica há pouco tempo – experiência descrita como fundamental em sua vida. A ativista falou sobre os vários sentimentos e situações que as pessoas adotadas vivenciam. A professora defende que ser adotada tem, sim, diferenças em relação a ser filha ou filho biológico, mas isso deve ser assumido para tornar a experiência mais bonita, mais rica. Fernanda também refletiu sobre a ideia da gratidão ser vista como uma sensação que define, quase exclusivamente e de maneira compulsória, a experiência da pessoa adotada, o que não é verdade. Há vários sentimentos, inclusive os considerados negativos, que envolvem esse universo.

Para ela, é fundamental desconstruir os preconceitos em relação aos termos “adotado” e “adotivo”, ao invés de ignorá-los silenciá-los. “Quando você esconde, quando você não aceita, não conversa e fica aquela coisa do tabu você questiona muito. Fica desconfortável, parece que tem alguma coisa errada na sua história. Mas quando eu abri, quando eu não tive vergonha do termo, ficou muito melhor. Essa tem sido a principal via de ressignificação que eu estou tendo da minha adoção: ser validado o meu discurso e ser aceita como a filha que eu sou”, refletiu. Para acompanhar as discussões do universo da adoção da perspectiva de Fernanda Tuna, acompanhe o perfil ‘Eu, Adotiva’ no Instagram. Na página, há um link para um grupo que a ativista criou no Facebook só com filhas e filhos adotados.

Produção: Alessandra Dantas e Flora Quaresma, sob orientação de Luiza Glória

Publicação: Alessandra Dantas