Institucional

Novembro Negro promove debates sobre racismo institucional e no meio acadêmico

Programação se estende até 30 de novembro e inclui apresentações de música e dança

Gui Ventura:
Gui Ventura: show na Praça de ServiçosNátali Yamas

Uma ampla discussão sobre o racismo no meio acadêmico e profissional marca nesta sexta-feira, dia 8, a programação do Novembro Negro da UFMG. As atividades, organizadas pelo Projeto Observatório do Racismo e da Informação (ORI), serão realizadas na Escola de Ciência da Informação (sala 1000), no campus Pampulha, durante todo o dia. De acordo com a pesquisadora Franciéle Garcês, as discussões vão girar em torno das relações interpessoais, acadêmicas e profissionais e do impacto do racismo na sociedade e da urgência de se elaborar estratégias coletivas para combater o fenômeno nesses ambientes.

O ORI realiza trabalho de monitoramento de informações sobre práticas de racismo e manifestações de intolerância à diversidade cultural e étnico-racial e das formas de enfrentamento à prática explícita ou dissimulada de violência social.

Nesta manhã, os temas em debate são informação antirracista e a atuação do movimento negro universitário no combate ao racismo. Na parte da tarde, a partir das 13h30, estão programadas discussões sobre estereótipo e preconceito, racismo velado no ambiente de trabalho e integração do negro na universidade de classes.

Doença falciforme
A relação entre racismo institucional e doença falciforme também será discutida hoje, a partir das 17h30, na Escola de Enfermagem (anfiteatro Roseni), no campus Saúde. Um dos destaques da programação é a palestra Percurso dos pacientes com doença falciforme nos serviços de saúde, que será ministrada pela mestranda Josimare Aparecida Otoni Spira, do Programa de Pós- graduação da Escola de Enfermagem. As atividades são promovidas pelos grupos Visibilidade Negra e de Estudos de Negritude e Interseccionalidades e pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad).

Júnia Bertolino:
Júnia Bertolino: questões sobre o corpo negroDivulgação

Arte negra em cena
A Praça de Serviços, no campus Pampulha, recebe, neste mês, seis apresentações de música e dança, duas delas de arte de autoria negra. Na terça-feira, dia 12, a partir das 12h30, o cantor e compositor Gui Ventura faz o show Dois lados. O músico, que atualmente cursa Letras na UFMG, vai se apresentar acompanhado de Rafael Dejero (baixo), Hugo Bizotto (teclado) e Edgar Siqueira (bateria). O repertório inclui canções do seu primeiro disco, além de músicas inéditas que transitam entre a MPB e a world music.

Na quarta-feira, 20 de novembro, também às 12h30, a bailarina Júnia Bertolino apresenta o espetáculo de dança Corpo negro em cena. Seu objetivo é retratar os incômodos, as verdades, tristezas e alegrias que atravessam o corpo negro. Segundo a artista, que também é antropóloga e arte-educadora, a montagem é resultado de pesquisas sobre as corporeidades afro-brasileiras e africanas presentes na literatura, no teatro, na música e na dança.

Masculinidades negras
Na quinta-feira, dia 14, a partir das 18h30, o auditório da Escola de Ciência da Informação (sala 1000) recebe a mesa-redonda Masculinidades negras: a (re)invenção do homem negro para além do racismo e do patriarcado. A atividade reunirá homens, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, que falarão de suas experiências e debaterão percursos e possibilidades de reinvenção de espaços, autoestimas e imagens de um novo homem negro dentro da sociedade contemporânea.

A organizadora da atividade, Débora Estevam Araújo, conta que o principal objetivo é lançar luz sobre uma questão ainda negligenciada. “A masculinidade tem nuances que também estão condicionadas a questões sociais que atravessam o indivíduo. Quando se fala em ‘masculinidade negra’, faz-se um recorte que é, ao mesmo tempo, racial e de gênero, porque é uma tendência que a masculinidade seja estudada como fenômeno homogêneo, o que, na maioria das vezes, trata de vivências do grupo hegemônico, ou seja, da branquitude”, analisa Débora. Para ela, é necessário compreender as demandas específicas do homem negro e de como elas impactam diferentes esferas da sua vida, como a construção da sua autoestima, da sexualidade e das relações afetivas.

O Novembro Negro é promovido pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e sistematizada pelo Centro de Convivência Negra e pelo Movimento Negro da UFMG. Em sua segunda edição, tem como tema Aquilombar-se em tempos de luta. Veja a programação.

.   

Renata Valentim