Ao assumir a direção da Faculdade de Direito, na noite desta segunda-feira, dia 26,  o professor Hermes Vilchez Guerrero comprometeu-se a “continuar cuidando de cada canto da Casa de Afonso Pena, para que, nos seus quase 126 anos, ela seja ambiente propício para maior convivência e amizade, virtudes que andam juntas com justiça". Ele e a professora Mônica Sette Lopes, nova vice-diretora, vão comandar a Unidade até 2022.   

“Foi exatamente o convívio tranquilo, alegre e produtivo que me fez pensar muito se deveria ou não aceitar o chamado para ser diretor”, revelou o professor Hermes Vilchez, que também disse se sentir “atrevido” ao aceitar ocupar a cadeira pela qual passaram nomes ilustres como Afonso Pena, Edmundo Lins, Mendes Pimentel, Francisco Brant, Lourival Vilela Viana, Messias Pereira Donato e Ariosvaldo de Campos Pires.

“Aqui estou para assumir o compromisso de ouvir muito, entender a diversidade que há no nosso Instituto, apoiar as pesquisas e trabalhos dos professores e alunos, melhorar as condições de trabalho de nossos abnegados servidores e contribuir para que a cada dia nossa faculdade seja mais útil, mais democrática, mais republicana e esteja sempre a serviço principalmente daqueles mais carentes de justiça”, afirmou.

Vilchez enfatizou que a nova gestão não significará o começo de um novo tempo nem o início de uma nova fase, mas a continuidade de tudo e de todos que passaram pela Faculdade. Referindo-se às últimas informações que circularam nas redes sociais, sobre as supostas condições precárias em que se encontraria o prédio da Faculdade, o novo diretor afirmou que falta muito pouco para que todo o prédio, de 30 andares, esteja adequado ao melhor convívio dos integrantes da comunidade acadêmica. E acrescentou: "A democracia é um valor que não pode ser relativizado. Esta Faculdade sempre se posicionará a favor das liberdades e contra as tentativas de diminuí-las vindas de qualquer lado”.

Manta que protege e acolhe
O professor João Alberto de Almeida, que deixou o cargo de vice-diretor, deu boas-vindas aos colegas, lembrando a expressiva votação que receberam da comunidade acadêmica para comporem a lista tríplice. Também destacou a trajetória acadêmica dos colegas na própria instituição, o que servirá como garantida de que eles “serão defensores da Casa e das relações desta com outras instituições e com toda a comunidade acadêmica”.

Agradecendo aos colegas e diretores da gestão 2014-2018, a vice-diretora empossada, professora Mônica Sette Lopes, endossou o discurso de Guerrero, afirmando que a nova gestão “tem o dever de continuar o que os antecessores fizeram”, para que a Faculdade de Direito mantenha a excelência alcançada.

Sobre os desafios atuais, sobretudo no que diz respeito à revitalização dos espaços físicos, a professora convidou a comunidade a “abraçar a escola, como uma verdadeira manta, atualmente instalada para obras de manutenção, que protege e acolhe”. Sob aplausos, encerrou sua fala, cantando um trecho da música Caçador de mim, de Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá.

Balanço positivo
Em seu discurso de despedida, o professor Fernando Gonzaga Jaime declarou “sensação de dever cumprido, feliz e realizado em relação às metas que se propôs a cumprir”, à frente da Faculdade. "Foram construídas pontes e relações humanizadas, que priorizaram o diálogo, o acolhimento, o comprometimento e a responsabilidade", garantiu.  

Após destacar a contribuição da faculdade com a formação humanizada e de excelência de profissionais para o mercado de trabalho, fez um balanço da gestão. Destacou a conquista do Território Livre, que segundo ele, “estava à mercê de pessoas sem vínculo com o ensino, com a pesquisa e a extensão”, e que o  controle do acesso também contribuiu para oferecer mais segurança à comunidade, afastando pessoas sem vínculo com a instituição.  Obras de revitalização dos auditórios, sala de convivência, jornada de 30 horas e manutenção da excelência dos cursos de graduação e pós-graduação e dos periódicos editados pela Faculdade foram outras conquistas destacadas pelo ex-diretor.

Fernando Jaime lembrou que a demanda sobre o prédio da Faculdade de Direito, que está com sua capacidade física quase esgotada, será aliviada com a transferência das atividades do Centro de Extensão da Direito para o 20º andar do Edifício Acaiaca. “Com apoio da Reitoria e da Fump, poderemos fazer essa mudança, remanejando espaço para novos gabinetes e salas de aulas”, anunciou.

Rito especial
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida encerrou a solenidade afirmando que cerimônias de posse são “ritos especiais” e que a de ontem sinalizava “a continuidade de um processo de crescimento e desenvolvimento da Faculdade de Direito, que seguirá um destino, previamente delineado por gerações antecessoras e que fizeram-na chegar, aos seus 126 anos de fundação, com uma história exemplar para a cidade, o Estado e o país”.

Ao agradecer os professores Fernando Jaime, João Alberto de Almeida e  Aziz Saliba, que estiveram na gestão da faculdade, nos últimos quatro anos, a reitora relembrou a “dedicação e empenho nos esforços despendidos na parceria pela condução da UFMG, e pelo companheirismo e  solidariedade em momentos não tão fáceis”. Ressaltou ainda a “dedicação incondicional à instituição que tanto amamos, o comprometimento com os ideais mais nobres da nossa UFMG, o empenho em ajudar a formular soluções para tantos dilemas de dimensão institucional, tudo isso temperado com a necessária reflexão crítica, a atenção aos anseios de uma coletividade, o respeito e a ética na condução da coisa pública conjugada à  firmeza atuação - um equilíbrio intricado, que, cada um a sua maneira, soube construir com sabedoria que lhes é característica”, afirmou a reitora.

Aos novos diretores, Sandra Goulart Almeida declarou “inteira disposição para apoiar ações que deem cada vez mais relevância ao belo trabalho ali realizado”, e que “seja “inequívoco o comprometimento com os interesses coletivos pela serenidade e justeza na condução da 'coisa pública’, naquilo que mais caracterizar o público: a atenção aos anseios e demandas de uma coletividade democraticamente articulada”.

A reitora reforçou que “cabe aos dirigentes eleitos por nossa comunidade abraçar o desafio do seu tempo, seja qual for ele”. E segundo ela, “este é um momento de polarizações, intolerâncias, enfrentamentos, violências e de divulgações de infundadas inverdades sem lastro na realidade factual, das quais a própria UFMG e a Faculdade de Direito têm sido vítimas recorrentes”. E completou: “É impresso resgatar o entendimento entre pessoas a despeito das diferenças e da diversidade de opiniões e crenças. O respeito a pessoas, a instituições, que moldaram a nossa história”.

Sandra Goulart Almeida ressaltou ainda a tradição democrática e a missão institucional da UFMG, que tem-se “colocado firmemente contra atitudes desrespeitosas, autoritárias e desmedidas”. “A UFMG deve, mais do que nunca, defender a liberdade de expressão, a laicidade, os valores éticos e democráticos e o Estado de Direito", afirmou.

Compuseram a mesa da solenidade, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Nelson Missias de Morais, o procurador interino de Justiça do Estado de Minas Gerais, Darcy de Souza Filho, e o reitor da PUC-Minas, Dom Joaquim Giovane Guimarães Mol.