Pesquisa e Inovação

Pesquisadores do ICEx e do ICB editam periódico internacional sobre ureases

Ângelo de Fátima e Luzia Modolo coordenam única rede no mundo especializada na investigação de inibidores da enzima

O Journal of Advanced Research dedicou uma edição especial de sua revista científica a estudos sobre a urease
Reprodução

Os professores Ângelo de Fátima (Departamento de Química do ICEx) e Luzia Modolo (Departamento de Botânica do ICB), juntamente com a professora Barbara Krajewska (Jagiellonian University, Polônia), editaram, a convite do Conselho Editorial do Journal of Advanced Research, da editora Elsevier, um volume da publicação sobre ureases, intitulado Biotechnological and medical relevance of ureases (Relevâncias biotecnológicas e médicas das ureases). O número reúne nove artigos que abordam diferentes aspectos biotecnológicos das ureases na agricultura, pecuária, medicina e engenharia e destaca o progresso no desenvolvimento de inibidores de ureases de interesse farmacológico.

As ureases são enzimas que catalisam a hidrólise da ureia em dióxido de carbono e amônia, o que pode afetar negativamente a saúde e a qualidade de vida de humanos e animais. Elas causam perdas de nitrogênio no solo quando a ureia é usada como fertilizante e estão associadas a algumas doenças causadas por infecções microbianas, tanto em animais quanto em humanos. “As ureases podem impactar negativamente a qualidade de vida em vários âmbitos”, explica Luzia Modolo.

Conteúdo diverso
O volume especial oferece um histórico das ureases, com relato de importantes papéis biológicos dessas proteínas no escopo das atividades catalíticas e não catalíticas. No campo da agricultura, revela a eficiência agronômica do N-(butyl) thiophosphoric triamide (NBPT), inibidor de urease amplamente empregado, e os avanços, desde 2005, na busca por novos inibidores da enzima de interesse agronômico com vistas à diminuição do impacto ambiental do uso de ureia.

Relatos sobre diversas bactérias do trato gastrointestinal de ruminantes e não ruminantes que apresentam atividade da urease salientam as implicações dessas enzimas no metabolismo da ureia e como as atividades de pecuária podem se beneficiar do uso de inibidores.

Um dos artigos de revisão que compõem a edição contém informação detalhada sobre métodos clínicos baseados na atividade de ureases para o diagnóstico de infecções por Helicobacter pylori e comprovação de cura pós-terapêutica.

O potencial da atividade urease na mineralização de carbonato de cálcio também é explorado nas mais diversas áreas de engenharia como técnica inovadora e ambientalmente amigável para a remediação, deposição e consolidação de solo/areia, proteção e restauração de estruturas rochosas e de concreto e obras de arte, aumento da recuperação de óleo e sequestro de CO2 de origem geológica.

Além disso, o volume do Journal of Advanced Research oferece coletânea sobre diversos inibidores de urease de interesse clínico (de origem natural ou sintética), com enfoque em estudos cristalográficos e de modelagem molecular para o desenvolvimento de inibidores mais eficientes.

Todos os artigos estão disponíveis para acesso gratuito.

Os professores Ângelo de Fátima e Luzia Modolo
Ângelo e Luzia investigam potenciais inibidores de ureasesReprodução/Redniu

Os editores
Os professores Ângelo de Fátima e Luzia Modolo são os coordenadores da Rede para Estudos de Novos Inibidores de Urease (Redniu), a única dedicada ao tema no mundo. Criado em 2010, o grupo congrega pesquisadores das mais variadas especialidades de 12 instituições de ciência e tecnologia brasileiras e desenvolve trabalhos colaborativos com pesquisadores da Índia e da Itália. O esforço despertou o interesse da iniciativa privada, que identificou a possibilidade de desenvolvimento conjunto de produtos à base de inibidores da enzima.

Na UFMG, os pesquisadores têm investigado potenciais inibidores de ureases. “Temos concentrado nossos esforços no desenvolvimento de uma formulação à base de ureia para uso na agricultura, além de um comprimido para o tratamento de infecções causadas pela bactéria Helicobacter pylori e espécies do fungo Cryptococcus”, conta Luzia Modolo.

Dalila Coelho