Pesquisa e Inovação

Pesquisadores fazem testes com protótipo que desinfecta o ar contaminado pelo coronavírus

Tecnologia que usa luz ultravioleta poderá ser usada em residências e hospitais com custo inferior a R$ 400

Nesta semana, depois de testes iniciais com resultados promissores utilizando vírus que não oferece perigo aos humanos, uma equipe multidisciplinar da Universidade Federal de Minas Gerais dá mais um passo rumo à conquista no combate a pandemia  do novo coronavirus.

Testes finais com o SARS-Cov-2, agente causador da Covid-19, serão realizados em um laboratório NB3, com nível máximo de biossegurança, para validar cientificamente a eficácia de um protótipo que o grupo de estudiosos criou para neutralizar o vírus ou reduzir significativamente a presença dele dentro de um ambiente.

A pesquisa experimental sobre o protótipo, que está em andamento na UFMG, começou em março de 2020 quando os pesquisadores tiveram acesso ao documento Tecnical Report Ultravioleta ir disinfection da Comunidade Internacional de Iluminação, conhecida como CIE.  O professor da Escola de Belas Artes da UFMG Alexandre Leão estudou os dados e constatou o potencial da tecnologia. 

“Agora, estamos na fase de validação com a realização dos testes finais para comprovar a eficiência real da fonte que está sendo utilizada no equipamento além de sua potência para calcular a dose“, esclarece o coordenador do Laboratório de Documentação Científica por imagem da Escola de Belas Artes da UFMG.  “O protótipo poderá ser usado com segurança pelo usuário pois a lâmpada utilizada no dispositivo fica localizada dentro da caixa, o que  protege o ser humano contra a radiação“, garante  o  engenheiro mecânico e especialista em energia multiespectral da UFMG.


O protótipo

O dispositivo criado pelo grupo de pesquisadores, professores e cientistas das áreas de Física, Biologia, Virologia, Engenharia, Arquitetura e Conservação Preventiva utiliza a luz ultravioleta para inativar o SARS-Cov-2 já que não é possível eliminar todos os vírus e bactérias presentes no ar. A UV-C fica contida no equipamento sendo que o ar contaminado é sugado para dentro do aparelho e o ar desinfectado é liberado ao ambiente.

A máquina é uma estrutura tubular feita de MDF, um derivado de madeira, que possui um revestimento especial interno, um ventilador com uma ventoinha silenciosa além de uma lâmpada ultravioleta.

Para popularizar o acesso à descoberta científica, os pesquisadores pretendem que o equipamento possa ser produzido pelas próprias pessoas ou um marceneiro contrato. O custo para a confecção do dispositivo gira em  torno de  R$ 400. No mercado, o preço de aparelhos com função semelhante ultrapassa os mil reais.

Os experimentos com a luz ultravioleta são realizados desde a década de 30 nos Estados Unidos. Na atualidade, a tecnologia brasileira criada pela equipe multidisciplinar da UFMG desempenhará um papel fundamental na contenção da pandemia no país que já ultrapassou a marca de 700 mil casos de Covid em três meses.  De acordo com o levantamento mais recente do Conselho Nacional de Saúde (Conass), o Brasil já contabiliza 37.134 mortes acumuladas em decorrência da infecção respiratória.

Equipe Multidisciplinar

A equipe de profissionais de várias áreas com amplo conhecimento científico é composta por: Alexandre Leão (Coordenador do Laboratório de Documentação Científica por Imagem - EBA/UFMG), Jônatas Abrahão (Chefe do Laboratório de Vírus/ICB), Gregory Kitten (biomateriais/ICB), Rudolf Huebner (Coordenador do Laboratório de Bioengeharia - Escola de Engenharia/UFMG), Thalita Arantes (Doutora em Microbiologia pela UFMG), Wagner Rodrigues (Vice-diretor do Centro de Microscopia - ICEX/UFMG) e Willi de Barros (conservação preventiva - EBA/UFMG). Os outros integrantes da equipe são Euler Santos, especialista em negócios da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), Estêvão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, e Luciana Mafra, médica do Hospital Júlia Kubitschek.

Equipe: Soraya Fideles (produção e reportagem); Acervo Alexandre Leão (imagens); Otávio Zonatto (edição de imagens); Flávia Moraes (edição de conteúdo)