Institucional

Pós-graduação em Física comemora 50 anos

Consolidado em física básica, programa tem projeto para criar área de concentração em física aplicada

Pesquisadores trabalham com equipamento de espectroscopia de fotoelétrons, em laboratório de física de superfície, no Departamento de Física
Pesquisadores trabalham com equipamento de espectroscopia de fotoelétrons no laboratório de física de superfícieRaíssa César

Um dos pioneiros do país, o Programa de Pós-graduação em Física da UFMG comemora 50 anos de atividades, com evento nesta sexta-feira, 24, a partir das 14h, no auditório 3 do Instituto de Ciências Exatas (ICEx). 

Com qualidade reconhecida internacionalmente, que se reflete em parcerias, publicações em periódicos de alto impacto e trabalhos que geram depósito de patentes, o Programa mantém há vários anos o conceito máximo (nota 7) de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Tendo consolidado a pesquisa e o ensino em física básica, o Programa tem projeto de criação de área de concentração em física aplicada, que deverá atrair estudantes das engenharias e áreas afins. De acordo com o coordenador da pós-graduação, professor José Rachid Mohallem, a intenção é investir em um perfil de profissionais que recebam formação sólida em física básica, mas atuem sobretudo em temas de ordem prática, como investigações tecnológicas. O assunto ainda será objeto de discussão no colegiado do curso.

Segundo José Rachid Mohallem, o Programa foi um dos primeiros da UFMG a alcançar a internacionalização. “Desde sua criação, ele nunca teve caráter regional ou local, já que a Física é uma ciência internacional”, pondera. Mohallem destaca a colaboração de pesquisadores da Universidade de São Paulo, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, e de instituições em outros países como Alemanha, na “montagem inicial” do curso de mestrado, que começou a funcionar em 1966 e formou seu primeiro aluno em setembro de 1967. O doutorado foi implantado em 1970 e credenciado em 1974.

A pesquisa em Física na UFMG teve início oficialmente em 1957, com a criação da Pós-graduação em Engenharia Nuclear, no Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR) da Escola de Engenharia. O Departamento de Física da UFMG foi criado somente em 1963, como parte da Faculdade de Filosofia, e suas atividades inicialmente se limitavam ao ensino de graduação em cursos daquela Faculdade.

A criação do curso de mestrado na área de Física do Estado Sólido, em 1966, marcou o início das atividades de pós-graduação em Física na UFMG. Em 1969, com auxílio concedido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi instalado o primeiro laboratório de pesquisa. 

Ainda na década de 1960, mudanças profundas na estrutura acadêmica da UFMG possibilitaram a criação, em 1968, do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), englobando os departamentos de Física, Matemática e Química. Atualmente, o corpo docente do Programa de Pós-graduação em Física é composto de 60% de pesquisadores experimentais, 30% de pesquisadores teóricos e 10% de astrofísicos.

Amostra de cristal de ouro em equipamento que determina suas propriedades eletrônicas
Amostra de cristal de ouro em equipamento que determina propriedades eletrônicas Raíssa César / UFMG

Trajetória
Detalhes dessa trajetória serão contados em palestra pelo professor Francisco César Sá Barreto, reitor da UFMG na gestão 1998-2002, que ingressou no mestrado em Física no mesmo ano de sua criação. Aluno da UFMG desde a graduação, em 1962, Sá Barreto acompanhou de perto toda a história do Programa, tendo integrado seu corpo docente em 1971, após retorno do exterior, e ocupado os cargos de coordenador de cursos de graduação e pós-graduação, chefe de departamento, membro dos conselhos de pós-graduação e de pesquisa e pró-reitor de Pesquisa.

Em sua opinião, um dos desafios que se impõem a programas como o de Física e à Universidade é a “urgência do desenvolvimento de ações especiais que promovam a articulação da pós-graduação com a melhoria da qualidade da educação básica”.

A palestra de Sá Barreto será proferida logo após a abertura da solenidade, às 14h. Em seguida, o professor Paulo Sérgio Soares Guimarães apresentará informações atuais sobre o Programa. A programação prossegue com comemoração dos 40 anos da biblioteca Manoel Lopes de Siqueira, do Departamento de Física.

Biblioteca
Criado há quatro décadas, o Centro de Documentação foi o embrião da atual biblioteca do Departamento de Física, cuja história será celebrada na mesma solenidade, com o lançamento do e-book Biblioteca Manoel Lopes de Siqueira: Trajetórias. A comemoração tem site específico e também será marcada pela publicação de catálogo de fotografias.

Idealizado pela coordenação da Biblioteca da Física, o catálogo artístico de fotos contou com a colaboração da pesquisadora Lídia Maria de Andrade, que produziu as fotografias, e de Ludmila Andrade Rennó, graduada em jogos digitais e ex-bolsista responsável pelo layout e pela diagramação do material.

Desde a sua criação, em 1977, a Biblioteca passou por várias transformações. Em 1998, por exemplo, foi automatizada, junto com as demais unidades do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Dez anos depois, inaugurou a coleção de Obras Especiais. A mais antiga delas, datada de 1887, é Traité élémentaire de physique, de Adolphe Ganot. 

Em 2007, a Biblioteca recebeu o nome de Manoel Lopes de Siqueira, engenheiro que chefiou o Departamento de Física por duas vezes, nas décadas de 70 e 80, e que contribuiu para a formação do acervo e da infraestrutura da Biblioteca.

Para registrar a história da produção científica do curso de Física da UFMG, em 2011 foi realizada a exposição Memória, decorrente de projeto permanente e contínuo de coleta, incorporação ao acervo e divulgação de livros e de produções científicas dos docentes do Departamento de Física.

“A missão da Biblioteca é contribuir para a qualidade do ensino da pós-graduação em Física da UFMG, oferecer suporte à produção intelectual do Departamento, além de formar, organizar, gerir e preservar seu acervo científico”, resume Gislene Rodrigues, coordenadora da Biblioteca.

Ana Rita Araújo e Assessoria de Comunicação do Sistema de Bibliotecas da UFMG