Notícias Externas

Programa Conexões analisa cobertura midiática da operação de busca de Lázaro Barbosa

Professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG foi o convidado para discutir a espetacularização do caso

Mais de 19 milhões reais foram investidos na operação de busca a Lázaro Barbosa
Mais de 19 milhões reais foram investidos na operação de busca a Lázaro Barbosa Fábio Lima / Fotos públicas / CC BY-NC 2.0

As investigações a respeito das motivações dos crimes de Lázaro Barbosa, que ficou conhecido como o serial killer de Brasília, seguem em alta. A apuração quer descobrir se há envolvimento de Lázaro Barbosa com fazendeiros, empresários e políticos. O homem de 32 anos, suspeito de matar uma família e cometer pelo menos mais sete delitos, foi morto pela polícia na última semana. A busca por Lázaro, que durou mais de 20 dias, envolveu 270 policiais, helicópteros, drones, cães farejadores e recebeu cobertura midiática intensa e enorme repercussão nas redes sociais. 

O acúmulo de dias em que a megaoperação de busca se manteve sem respostas motivou a construção de uma narrativa espetacularizada, que associou a Lázaro essa imagem de um serial-killer incontrolável. Sua captura e morte, acompanhada inclusive em imagens por muitos brasileiros, recebeu também repercussão internacional e foi significativamente celebrada nas redes sociais. Diversos especialistas, entretanto, apontam que a grande midiatização do Caso Lázaro pode não só ter atrapalhado as investigações, como também alimentado ideias e discursos que se opõem aos direitos humanos. 

A espetacularização da busca de Lázaro Barbosa foi tema do programa Conexões desta quarta-feira, 7, que recebeu o professor Carlos Alberto de Carvalho, do Departamento de Comunicação Social da UFMG. A entrevista passou por pontos como o sensacionalismo, estereótipos de violência e como a cobertura midiática influencia em discursos políticos de armamento da população, entre outros. 

“Quando as redes sociais ficam pilhadas de comentários que comemoram a morte e como ela ocorre, nós devemos pensar: que tipo de cotidianidade está implicado nessa compreensão e comportamento de uma parcela da sociedade brasileira? É preciso considerar que a sociedade brasileira está em um momento pró-fascista. E nessas comemorações de que ‘bandido bom é bandido morto’ é interessante pensar: de que bandido se fala?, de que tipo de banditismo se fala?”, analisou.

Produção: Laura Portugal, sob orientação de Luiza Glória

Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael