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Projeto que diagnostica cardiopatias a distância ganha prêmio nacional

Agentes não médicos realizam ecocardiogramas com aparelhos portáteis em centros de saúde

Lara
Pesquisadora Lara Castro realiza exame em centro de saúde em Nova LimaAcervo do Provar

O Provar+, projeto de rastreamento de cardiopatias na atenção primária por meio de ecocardiografia em centros de saúde, abrigado no Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG, foi premiado como Melhor Tema Livre Oral (pesquisador sênior) durante o Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado no fim de setembro, em Brasília.

Único do gênero no país, o projeto integra o Programa de Rastreamento de Valvopatia Reumática (Provar), fruto de colaboração da UFMG com o Children’s National Health System de Washington, DC (EUA). A iniciativa é financiada pela Edwards Lifesciences Foundation e pelo CNPq.

Os exames, que beneficiam populações de baixa renda, são realizados por agentes não médicos, que utilizam aparelhos portáteis e ultraportáteis. As imagens são transmitidas por telemedicina e analisadas por especialistas do Hospital das Clínicas e de Washington. O objetivo é fazer diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares. Desde 2017, foram realizados mais de 3500 exames em adultos jovens e idosos de Montes Claros e Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Nas fases iniciais do Provar, que duraram cerca de três anos, o programa atingiu crianças e adolescentes de cinco a 18 anos, e os exames foram feitos também em escolas públicas. Um dos objetivos era identificar alterações nas válvulas cardíacas provocadas por infecções, como amigdalites, não devidamente tratadas.

“Além de realizar 12 mil ecocardiogramas, o programa chegou a cerca de 30 mil pessoas por meio de ações educativas”, explica o professor Bruno Ramos Nascimento, da Faculdade de Medicina, um dos pesquisadores do Provar, ao lado de Antonio Luiz Pinho Ribeiro e Maria do Carmo Pereira Nunes, também da UFMG, Craig Sable e Andrea Beaton, do Children’s National Health System. A pesquisa de campo é coordenada por Kaciane Krauss Oliveira. As ações envolvem ainda alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado.

“Demonstramos que é elevado o índice de doenças nessas populações, sem diagnóstico prévio. O ecocardiograma provê diagnóstico precoce e possibilita identificar os pacientes que devem ser encaminhados mais rapidamente para os cuidados especializados”, completa Bruno Nascimento.

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