Ensino

Projeto sobre novas práticas de ensino de línguas tem financiamento internacional

Grupo da Fale trabalha na perspectiva da comunicação intercultural

Ulrike Schröder: comunicação intercultural
Ulrike Schröder: comunicação intercultural Júlia Duarte / UFMG

O desenvolvimento de novas práticas de ensino gramatical de língua estrangeira é o foco de projeto da Faculdade de Letras selecionado na chamada 2019 da Worldwide Universities Network (WUN), rede formada por 23 universidade que busca fomentar pesquisas nas instituições filiadas. A UFMG é a única instituição brasileira participante.

Coordenado pela professora Ulrike Schröder, o projeto Comunicação intercultural em interação: abordagens multimodais é um desdobramento das pesquisas desenvolvidas, desde 2012, pelo Núcleo de Estudos de Comunicação (Inter)cultural em Interação. Com base na interação de grupos de origem linguísticas e culturais distintas, a equipe do Núcleo realiza análises de comunicação intercultural sob os vieses verbal, prosódico e não verbal (corporal-visual). 

"Filmamos interações de intercambistas e, a partir de dados colhidos antes e depois da estada em outro país, realizamos análises sob as perspectivas com que trabalhamos. Já desenvolvemos pesquisas com intercambistas brasileiros, alemães, norte-americanos e em salas de língua estrangeira", explicita a docente.  

Schröder esclarece que o projeto foi idealizado com base nas universidades participantes do WUN. "Realizamos uma pesquisa muito detalhista. Entramos no site de cada instituição e consultamos os currículos de cada professor a fim de encontrar propostas de estudo correlatas", afirma a professora. A parceria envolve pesquisadores da UFMG e das universidades de Alberta, do Canadá, de Sheffield e Leeds, do Reino Unido, e de Potsdam, da Alemanha

A participação do grupo da UFMG na rede tem o intuito de diversificar o escopo das pesquisas que desenvolve. "A intenção é internacionalizar o nosso corpus de trabalho a fim de construir uma rede internacional de pesquisas linguísticas nessa área", anuncia Schröder.

Repertório cultural
O alargamento da base de pesquisa terá a função de subsidiar o planejamento de novas práticas de ensino de língua estrangeira. Para a pesquisadora, o ensino comunicativo se limita à aplicação diária para o mercado de trabalho. "Os livros estão direcionados apenas à didática comunicativa. O ensino da gramática, da língua falada e escrita é deixado de lado, em muitos casos, porque se subestima a capacidade do estudante", atesta.

Para Ulrike Schröder, há necessidade urgente de se recorrer ao repertório cultural do aluno na aprendizagem de outra língua. "Propomos uma comunicação intercultural, que possibilita promover uma familiarização com a língua estudada, com base no próprio acervo linguístico e cultural do aluno. Queremos produzir novas ferramentas para o ensino em sala de aula. Para isso, usaremos essa base de dados internacional", afirma a professora.

O projeto terá duração de um ano, e o financiamento de 8,1 mil libras vai custear a mobilidade de pesquisadores. "Esses recursos viabilizarão também a realização de dois eventos; o primeiro, neste semestre, na UFMG, e o segundo, no Reino Unido", informa Ulrike Schröder.

João Paulo Alves