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'Nós, mulheres negras, somos a carne mais barata do mercado'

Conexões bate papo com empresária Eliane Dias, convidada de roda de conversa do Festival de Arte Negra amanhã

Empresária Eliane Dias
Eliane Dias: "Quando você empodera uma mulher negra, você empodera uma família inteira"Agência Mirror | Divulgação

O Protagonismo da Mulher Negra no Brasil é tema de roda de conversa nesta quarta-feira, 18, dentro da programação do FAN - Festival de Arte Negra. A edição deste ano oferece ao público mais de 100 atrações nas áreas de música, teatro, literatura, exposições, discussões, oficinas e cinema. 

As convidadas Eliane Dias, Alexandra Loras e Elisa Lucinda, com mediação da cientista social e vereadora Áurea Carolina, debaterão a representatividade da mulher negra no Brasil. Em pauta, os desafios, histórias de luta, o momento atual do país, a força e o empoderamento feminino.

"Nós, mulheres negras, somos a carne mais barata do mercado. Quem ganha melhor hoje? É o homem branco. Depois, o homem negro. Depois, a mulher branca. E aí, por fim, a mulher negra, que ganha o salário mais baixo" afirma a advogada, empresária e palestrante Eliane Dias em entrevista ao programa Conexões desta terça-feira, 17.

Para ela, a mulher negra enfrenta a falta de credibilidade no mercado de trabalho, precisando lidar com a desconfiança dos empregadores e tendo de provar a sua capacidade o tempo inteiro. "A mulher negra precisa ser a protagonista da própria vida", avisa.

A empresária aproveitou para denunciar casos frequentes de machismo, violência contra a mulher e feminicídio. "A gente vê muito homem batendo em mulher, assassinando mulher, estuprando, sequestrando meninas. Para a mulher negra, isso é terrível. Dados de pesquisa de 2015 comprovaram que a mulher negra tem morrido mais", lamenta.

"Vivo uma situação de racismo todos os dias e isso já me endureceu. Já não me ofende mais. É mais fácil eu ofendê-lo com meu desprezo", relata. Combater o machismo e o racismo e estimular a solidariedade são alguns dos caminhos para empoderar a mulher negra. "Nós, negras, precisamos ser mais parceiras. Se uma negra chora por um filho, todas as outras choram junto. É preciso dar as mãos e sorrir juntas. E, se precisar chorar, a gente chora", conta a empresária Eliane Dias.

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Elisa Lucinda (à esq.) e Alexandra Loras (à dir.) são convidadas da roda de conversa Eduardo Trópia e Alessandra Levtchenko

A roda de conversa O Protagonismo da Mulher Negra no Brasil é nesta quarta-feira, 18, às 19h30, no Sesc Palladium (Centro). O evento é gratuito, mas é necessário retirar convite na bilheteria do teatro. As atrações do FAN seguem até o dia 22 de outubro. A programação completa está detalhada no site do FAN e na página do FAN no Facebook.