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Professora visitante oriunda da Alemanha Oriental relembra queda do Muro de Berlim

Charlotte Steinke foi entrevistada pelo programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa; acontecimento marcou o fim da Guerra Fria

Alemães  em cima do muro, em 1989; destruição começaria no dia seguinte
Alemães em cima do muro, em 1989Foto: Lear 21, em Wikipédia em inglês / CC BY-SA 3.0

Neste sábado, 9, completam-se 30 anos da queda do Muro de Berlim. A barreira, fruto da disputa entre soviéticos e estadunidenses pelo controle do território alemão, tornou-se um dos maiores, senão o maior, símbolo da Guerra Fria.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, comunistas e aliados dividiram o território alemão entre ocidente e oriente, criando dois países com regime diferentes. A Alemanha Ocidental ficou sob influência dos Estados Unidos, tornando-se capitalista. Do outro lado, a Alemanha Oriental, influenciada pela então União Soviética, transformou-se em uma nação comunista.

Por conta da sua influência, e apesar de se situar na parte oriental, a capital Berlim também tornou-se alvo de disputa e foi dividida em duas. As diferentes condições de vida nos lados ocidental e oriental fizeram milhões de pessoas migrar para o lado capitalista. Em decorrência disso, a Alemanha Oriental decidiu erguer, em 12 de agosto de 1961, um muro que separava as duas partes de Berlim, limitando a circulação de pessoas e veículos. A estrutura foi erguida da noite para o dia, separando famílias e amigos. Por conta das diversas tentativas de as pessoas ultrapassarem os limites impostos, o muro foi expandido, alcançando 43 quilômetros, no ano de 1975.

Inicialmente, a divisão consistia apenas em uma barreira de concreto. Com o passar dos anos, a estrutura passou a contar com cercas elétricas, torres de vigilância, cães de guarda e soldados com ordem para metralhar qualquer pessoa que tentasse ultrapassar a fronteira.

Nos anos 80, o bloco soviético afundou-se em uma grave crise e diversas manifestações populares contra o regime espalharam-se por países comunistas. Na Alemanha Oriental, a abertura da fronteira por países vizinhos gerou manifestações populares que pressionaram o governo pela abertura política. Em 9 de novembro de 1989, um oficial do Partido Comunista da Alemanha Oriental decretou a abolição das restrições de fronteira. No mesmo dia, milhares de alemães derrubaram o muro e cruzaram as fronteiras. O marco é conhecido como um dos mais influentes para o fim da União Soviética, da Guerra Fria e do início da globalização.

Abertura repentina
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, Charlotte Steinke, professora visitante do Departamento de Letras da UFMG e leitora do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), em Minas Gerais, narrou a sua própria experiência em relação à reunificação. Charlotte nasceu na Alemanha Oriental e lá viveu todo o processo de abertura e reunificação das duas Alemanhas.

"Eu tinha três anos de idade. Era muito nova ainda. Mas eu me lembro de que ia com os meus pais a todas as manifestações às segundas-feiras. Um pouco depois, eu me lembro das mudanças: as cidades foram reconstruídas, os prédios renovados", relata.

Sobre o processo de reabertura de seu país, Charlotte relembra que tudo pareceu bastante repentino. "Ninguém estava esperando por isso. Havia uma normalidade na vida na Alemanha Oriental, e as pessoas estavam acostumadas a isso, inclusive em relação à restrição de não poder sair. De um dia para o outro, tudo mudou. Foi muito surpreendente para as pessoas, foi muito louco", definiu.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Produção: Rodolfo Morais, Fred Gandra, Bruno Esteves, sob orientação de Luíza Glória e Hugo Rafael