Institucional

Reitora da UFMG participa em Brasília de seminário sobre financiamento das universidades

Evento foi organizado por duas comissões temáticas da Câmara dos Deputados

Sandra Goulart em sua apresentação na Câmara dos Deputados:
Sandra Goulart (em primeiro plano) expôs panorama que confirma relevância das universidades públicasStella Goulart / UFMG

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida participou nesta terça-feira, dia 29, na Câmara dos Deputados, em Brasília, de um seminário sobre o papel das universidades públicas no desenvolvimento da ciência brasileira. A reunião, organizada pelas comissões de Ciência e Tecnologia e de Educação, foi proposta pela deputada Margarida Salomão (PT-MG). "Os cortes de recursos das universidades federais, as ameaças de fechamento de algumas Ifes, as grandes mobilizações sociais em defesa da educação pública e o Programa Future-se exigem intenso diálogo por parte do parlamento, da sociedade civil e do governo federal”, defendeu a parlamentar.

Sandra Goulart Almeida compôs mesa que discutiu o financiamento das universidades federais ao lado da vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, e do professor Nelson Cardoso Amaral, da Universidade Federal de Goiás. Em sua apresentação, a reitora da UFMG lembrou que financiamento é condição essencial para o desenvolvimento da ciência e da educação e para o exercício da própria autonomia universitária.

Segundo ela, são três as fontes de financiamento das universidades: a primeira são os recursos orçamentários discricionários, que abrangem salários, aposentadorias e pensões, e os não discricionários, que compreendem recursos de custeio, capital (investimentos) e assistência estudantil. A segunda fonte de recursos são os órgãos de fomento à pesquisa, como Capes, CNPq, Finep e fundações de apoio estaduais. A terceira sustenta-se na captação de recursos próprios, por meio de convênios com órgãos públicos, de royalties de patentes e transferência de tecnologia geradas por pesquisas aplicadas e prestação de serviços. “É com essas fontes que financiamos todas as atividades acadêmicas e administrativas, inclusive a assistência estudantil, que beneficia cerca de um terço do alunado da UFMG, e nossa produção de pesquisa”, destacou a reitora.

De acordo com Sandra Goulart, a UFMG é uma das universidades brasileiras que mantêm uma dos melhores taxas de sucesso da graduação do país: 75%. Entre as universidades federais brasileiras, essa taxa é de 60% e, nos EUA, de 66%. Ela destacou ainda que esse índice é alcançado com um custo médio anual por aluno que está dentro da média brasileira.

Casos de sucesso protagonizados por países que investiram pesadamente em educação, ciência e tecnologia – Coreia, China, Canadá e Israel – e as bem-sucedidas experiências das universidades estaduais paulistas, caracterizadas por “autonomia, investimento e liberdade", também foram destacados pela reitora em sua apresentação na Câmara dos Deputados.

Educação e menos desigualdade
Segundo demonstrou a reitora, existe uma forte correlação entre educação superior e queda dos níveis de desigualdade. “O Brasil é o país que apresenta maior retorno salarial para quem cursa ensino superior”, disse ela. No entanto, apenas 18% dos jovens de 18 a 25 anos estão matriculados nesse nível de ensino.

Sandra Goulart também apresentou um panorama que confirma a relevância das universidades públicas no país. “Cerca de 90% da produção científica brasileira é feita nas instituições públicas, 17 das melhores universidades classificadas no ranking do jornal Folha de S.Paulo são públicas, e 64% das instituições públicas receberam notas 4 ou 5 no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

Autonomia e perspectivas
Ainda nesta terça-feira, o tema Autonomia, gestão e democracia foi debatido em mesa que reuniu a professora Maria Emília Walter, decana de pesquisa e inovação da Universidade de Brasília, o professor Roberto Salles, ex-reitor da Universidade Federal Fluminense, e o professor Luiz Antônio Cunha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A programação do seminário foi encerrada nesta quarta-feira, 30, com debate sobre as Perspectivas das universidades brasileiras. A mesa reuniu o vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira Brasil, a vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Fernanda Antônia da Fonseca Sobral, e o integrante do comitê executivo do Observatório do Conhecimento Carlos Alberto Marques.