Institucional

SBF: 'Esperança equilibrista' faz alusão desrespeitosa à luta pela redemocratização

A Sociedade Brasileira de Física (SBF) vem a público denunciar e repudiar com veemência a ação truculenta perpetrada pela Polícia Federal (PF) em 6 de dezembro de 2017 contra a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Reitor, a Vice-Reitora, duas ex-vice-reitoras e o presidente da Fundação de Apoio a Pesquisa (FUNDEP) da UFMG foram levados de forma coercitiva e violenta por policiais federais para prestar esclarecimentos sobre um suposto uso indevido de R$ 4 milhões pagos para bolsistas de extensão do projeto Memorial da Anistia da UFMG. A condução coercitiva foi realizada sem qualquer intimação anterior, e sem que fosse garantida aos dirigentes da UFMG a possibilidade de tomar conhecimento do objeto das investigações.

Gestores públicos devem prestar contas à sociedade de seus atos. Desvios de recursos públicos devem ser investigados e, caso comprovados, seus responsáveis devem ser punidos de acordo com a Lei. Contudo, há de se repudiar a maneira espetaculosa e pirotécnica da ação realizada pela PF, que viola a legalidade e compromete garantias fundamentais, pilares do Estado Democrático de Direito. Preocupa-nos também uma possível conotação política para a operação, denominada Esperança equilibrista em alusão desrespeitosa à luta histórica pela redemocratização do Brasil, sobretudo num momento em que aumentam as vozes de setores da sociedade que defendem abertamente a tortura e outras atrocidades praticadas pela ditadura militar de 1964. 

A sociedade brasileira precisa dar um basta nas recentes violações ao estado de direito promovidas por agentes da Polícia Federal e do Judiciário, e nos ataques constantes que vêm sofrendo as universidades públicas brasileiras e seus dirigentes.