Pesquisa e Inovação

Temperatura influencia qualidade da madeira usada pela indústria

Pesquisa realizada no campus Montes Claros avaliou processo de secagem do eucalipto

Thiago Magalhães do Nascimento analisa peças de eucalipto no Laboratório de Produtos Florestais do ICA
Thiago Magalhães do Nascimento analisa peças de eucalipto no Laboratório de Produtos Florestais Lucas Braga/UFMG

Pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), no campus Montes Claros, pelo estudante de Engenharia Florestal Thiago Magalhães do Nascimento avaliou o efeito da perda de umidade, o diâmetro e a densidade da madeira durante o aparecimento de rachaduras. Os resultados demonstraram a necessidade de um controle do processo de secagem da madeira logo após o corte, para evitar o aparecimento de defeitos e reduzir prejuízos para os produtores e para a indústria.

As conclusões de Magalhães estão reunidas no trabalho de final de curso Influência da secagem no desenvolvimento de fissuras em troncos de eucalipto, que foi publicado no periódico Bioresources, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Estados Unidos.

Segundo Thiago Nascimento, a secagem é um processo importante na cadeia produtiva da madeira. "A secagem ao ar livre é muito utilizada no Norte de Minas. Porém, durante o processo alguns defeitos podem ocorrer. A proposta foi identificar em qual momento da secagem surgiam mais rachaduras, com o objetivo de gerar informações que ajudassem na elaboração de um programa de secagem que diminua ao máximo essas falhas”, explicou.

Peças de eucalipto foram coletadas em parceria com uma empresa e analisadas no Laboratório de Produtos Florestais do ICA. A madeira foi armazenada em um galpão que simulava o ambiente de campo, e os pesquisadores realizaram a pesagem das toras e medição das rachaduras periodicamente. 

De acordo com Thiago Nascimento, é necessária atenção com a madeira desde o corte, quando já têm início as principais rachaduras de topo, que continuam surgindo também no período de secagem, no momento de expansão e contração da madeira. “Para evitá-las, deve-se fazer o armazenamento da madeira longe de altas temperaturas, que são comuns no Norte de Minas. Observamos ainda que essas rachaduras têm maior potencial para degradar a madeira, surgem em maior número e são mais extensas, o que exige mais atenção”, explica.

A mesma recomendação, segundo o estudante, serve para evitar as rachaduras superficiais. “Descobrimos que elas surgem de forma mais expressiva entre dois e três meses, a partir do início da secagem. Este é o momento em que ocorrem mais contrações na madeira”, esclarece o estudante. 

 

Peça de madeira com rachadura analisada na pesquisa do ICA
Peça de madeira com rachadura analisada na pesquisa do ICA Thiago do Nascimento / ICA

Os resultados podem colaborar para a produção de programas de secagem a fim de prevenir o surgimento de rachaduras, evitando prejuízos para o pequeno produtor ou para a indústria. “Isso pode, por exemplo, resultar na obtenção de um carvão vegetal com maior resistência mecânica e durabilidade”, sugere Thiago Magalhães.

Amanda Lelis / Cedecom Montes Claros