Pesquisa e Inovação

‘Tempos presentes’ debate contribuição das universidades para a pesquisa de vacinas

Evento on-line nesta quarta reunirá pesquisadores que têm realizado testes de imunizantes contra a covid-19

Pesquisadora no CT Vacinas, que desenvolve um imunizante de caráter bivalente
Pesquisadora no CT Vacinas, que estuda um imunizante de caráter bivalente Reprodução / TV UFMG

A UFMG realiza nesta quarta-feira, dia 29, a partir das 14h, mais uma edição do ciclo de conferências e seminários Tempos presentes. Pela primeira vez em formato on-line, o evento debaterá as contribuições das universidades brasileiras no desenvolvimento de vacinas contra a covid-19.

Três pesquisadores vão participar das discussões: a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Soubhi Smaili, professora do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina, e os professores Mauro Teixeira e Flávio Guimarães da Fonseca, ambos da UFMG. Tanto a Unifesp quanto a UFMG têm-se dedicado a projetos de desenvolvimento e testes de vacinas contra o novo coronavírus, inclusive em parceria com instituições estrangeiras de pesquisa.

O debate será transmitido pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) no YouTube e pela TV Assembleia, com tradução simultânea em Libras, realizada pela equipe do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI).

Vacina de Oxford
A Unifesp conduz, no Brasil, os testes da fase 3 (em humanos) da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, uma das mais promissoras e em estágio mais avançado entre os cerca de 140 imunizantes em pesquisa ao redor do mundo. Os testes são realizados com cerca de 1 mil pessoas que vivem em São Paulo e desenvolvem atividades com exposição ao coronavírus. A expectativa é que a vacina fique pronta em meados de 2021. “É muito importante que a ciência brasileira conte com uma universidade federal trabalhando no desenvolvimento de uma vacina, que está entre as mais promissoras no mundo. A nossa universidade se soma a um esforço global para a obtenção de uma vacina que vai beneficiar milhões e milhões de pessoas”, afirmou a reitora Soraya Smaili, em entrevista recente à Agência Brasil.

Soraya Smaili:
Soraya Smaili é reitora da Unifesp, instituição que conduz em São Paulo os testes da vacina de OxfordArquivo Unesp

Os outros conferencistas do ciclo, Mauro Teixeira e Flávio Fonseca, também participam de projetos de desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus. Mauro Teixeira é o coordenador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos (CPDF) do ICB, parceiro do Instituto Butantan, de São Paulo, nos testes da vacina Corovac, formulada na China e que também está na fase 3 de experimentos. O grupo coordenado por Teixeira conduzirá em Minas Gerais os testes com 800 voluntários, todos profissionais da área de saúde.

Flávio Guimarães da Fonseca é integrante do CT Vacinas, centro de pesquisa em biotecnologia instalado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte. Ele também integra a Rede Vírus, núcleo criado pelo governo federal para o combate à covid-19. O CT Vacinas trabalha em um modelo bivalente de vacina, focado na modificação genética do vírus Influenza, causador da gripe, para que ele carregue consigo antígenos do Sars-CoV-2. O objetivo é que a vacina proteja o indivíduo tanto contra a gripe quanto contra a covid-19.

Atuação ativa
De acordo com a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que também vai participar do debate, além de discutir e apresentar o que já existe de concreto em relação ao desenvolvimento de agentes vacinais capazes de combater o novo coronavírus, esta edição do ciclo Tempos presentes vai destacar o quanto as universidades públicas brasileiras têm atuado de forma ativa na solução de questões que afligem e angustiam a sociedade. “As universidades públicas sempre mobilizaram esforços para enfrentar problemas em diversas áreas da vida. A própria UFMG desenvolveu um trabalho muito importante logo após o rompimento das barragens da Vale, em Mariana e Brumadinho. Nossa mobilização foi reconhecida em todo o país”, destaca Sandra Goulart.

Iniciado no ano passado, o ciclo Tempos presentes busca, segundo a reitora da UFMG, debater "questões urgentes, que nos desafiam e põem valores e comportamentos em xeque”.