Institucional

UFMG e Minas têm histórias marcadas pela diversidade e compromisso público

Evento do ciclo 'Tempos presentes' lembrou os 93 anos da Universidade e os 300 do estado

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João Antônio: transformação sem perder a essênciaRaphaella Dias / UFMG

Durante a edição do ciclo de conferências Tempos presentes, realizada nesta terça-feira, 8, por videoconferência, o professor João Antonio de Paula, do Departamento de Ciências Econômicas e do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), falou sobre o elo entre as histórias da UFMG, que acaba de completar 93 anos, e de Minas Gerais, que, em 2020, celebra seu 300º aniversário. 

“A presença do plural é um sentido importante que devemos reter ao falar de Minas Gerais. A diversidade marca sua realidade, que se recusa a ser uma coisa só. Minas tem apetite pela transformação e pela metamorfose, mas sem perder sua essência, uma coisa profunda que anima toda a personalidade mineira”, disse.

O professor também destacou a participação da UFMG em momentos cruciais da história do estado e do país, como a luta pela redemocratização, no século passado, e o enfrentamento às pandemias de gripe espanhola, em 1918, e do coronavírus, em 2020. “Os pesquisadores da UFMG têm-se dedicado em múltiplas frentes a combater a atual pandemia, mas essa postura não é novidade. Na época da gripe espanhola, a UFMG transformou suas instalações em ambulatório. O médico Samuel Libânio, então professor da Faculdade de Medicina e responsável pela Diretoria de Higiene (equivalente hoje à Secretaria de Saúde), foi quem conduziu esse processo. Historicamente, toda vez que é chamada, a UFMG responde de maneira apaixonada, muito além do burocrático e da acomodação”, enfatizou João Antonio, autor do livro A presença do espírito de Minas: a UFMG e o desenvolvimento de Minas Gerais, que aborda justamente o encontro das duas trajetórias. 

João Antônio também falou sobre a atual situação política do país, que, segundo ele, tem sido caracterizada por “violências contínuas perpetradas por uma máquina política que se recusa a abrir mão de privilégios, da concentração da renda e da riqueza, e insiste em perpetuar a exclusão”. “A UFMG sempre se posicionou contra essas forças, e assim se colocará sempre”, garantiu.

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Ex-reitor Tomaz Aroldo da Mota, falecido em julho, foi homenageadoRaphaella Dias / UFMG

Legado
O evento foi dedicado à memória do professor Tomaz Aroldo da Mota Santos, reitor da UFMG entre 1994 e 1998, falecido em julho passado. “Incansável em sua defesa da universidade pública, do investimento em educação, ciência e tecnologia, Tomaz Aroldo é eterno na história da Universidade e será lembrado com muito carinho e respeito”, disse a reitora Sandra Goulart.

O professor Clélio Campolina (reitor de 2010 a 2014) falou sobre o legado que a comunidade universitária, ao longo das últimas décadas, construiu para Minas Gerais. “A UFMG é relativamente jovem, mas bastante consolidada. Sua comunidade é ciente da responsabilidade de continuar empenhando esforços para sua melhoria e ampliação. Passamos por momentos de dificuldade, mas estou seguro de que ele será superado. A Universidade é um órgão do Estado, portanto, sua permanência é inquestionável”, observou.

Para Ana Lúcia Gazola (reitora na gestão 2002-2006), a história da UFMG se confunde com a de Minas Gerais. Segundo ela, a Universidade historicamente se posicionou contra “tudo o que apequena a condição humana”. “Sempre defendemos a razão, a ciência e o conhecimento como os alicerces sobre os quais se deve construir a sociedade. Encontram-se aqui conosco aqueles que compõem a Universidade de hoje, mas nos acompanham também os vultos invisíveis de todas as gerações que nesses 93 anos construíram a UFMG, alimentando-a com suas ideias, olhares, gestos, palavras e lutas”, dissertou.

Francisco César Sá Barreto, reitor da UFMG de 1998 a 2002, também destacou a má condução da área de educação pelo atual governo federal. “Sofremos com ações descontroladas e antidemocráticas, baseadas na ignorância e no autoritarismo. Inimigo do saber, a administração do país combate a educação de forma irresponsável e inconsequente. Espero que os próximos aniversários da UFMG sejam marcados por momentos alentadores”, desejou Sá Barreto.

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Evento reuniu gestores atuais e anteriores da UFMG, além do deputado Agostinho PatrusRaphaella Dias / UFMG

O deputado Agostinho Patrus, atual presidente da Câmara Legislativa, parabenizou a Universidade pelo reconhecimento como a melhor universidade federal do país [segundo o ranking publicado pela Times Higher Education, um dos mais importantes do mundo]. “A UFMG é um grande mosaico de diversidade, trabalho, estudo, dedicação e pesquisa. Nisso está sua força. Sua função social e excelência acadêmica enchem de orgulho os mineiros.”

As iniciativas de colaboração entre o governo estadual e a atual gestão da UFMG também foram mencionadas pelo deputado e pela reitora Sandra Goulart Almeida. A gestora agradeceu a mediação feita pelo deputado que resultou na remessa de insumos para o Hospital das Clínicas (HC) e o Risoleta Neves, demandada logo que a pandemia de covid-19 chegou ao Brasil. “Faltava tudo, mas fomos atendidos graças ao apoio do Instituto dos Advogados de Minas Gerais e da Assembleia”, testemunhou a reitora.

A edição especial do ciclo de conferências Tempos presentes, criado pela UFMG para estimular a reflexão sobre as grandes questões contemporâneas, está disponível no canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), no YouTube.

Matheus Espíndola