Saúde

Universidade institui comissão permanente de saúde mental

Nesta quarta, psiquiatra Ernesto Venturini falará sobre o enfrentamento do problema na contemporaneidade

Detalhe da identidade visual do tema
Detalhe da identidade da Semana de Saúde Mental realizada no primeiro semestreGiovana Carraro / UFMG

Em atividade que integra a programação Setembro Amarelo, será apresentada na noite desta quarta-feira, 26, no auditório da Reitoria, a Comissão Permanente de Saúde Mental da UFMG, instituída pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida. Na ocasião, o psiquiatra italiano Ernesto Venturini, um dos nomes mais importantes da luta antimanicomial, fará palestra sobre saúde mental no ambiente universitário e os desafios contemporâneos para o enfrentamento dessa questão. O evento terá início às 19h.

A reitora explica que a comissão é o resultado de reflexões que vêm sendo feitas na Universidade nos últimos anos e tem o objetivo de se constituir em fórum permanente para a formulação de ações relacionadas à saúde mental, como a acolhida dos estudantes e servidores e a implementação de políticas na Universidade. Sandra Goulart Almeida também destaca que a palestra de Venturini integra a série de seminários Viver UFMG. “A Universidade quer fazer uma melhor acolhida, uma melhor inclusão, e, para isso, precisa discutir a questão da saúde mental e do pertencimento da nossa comunidade”, enfatiza.

O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira ressalta que é atribuição da comissão sistematizar as ações que buscam minimizar o sofrimento mental na comunidade universitária. “Temos a consciência de que situações relacionadas à Universidade podem contribuir para o adoecimento de pessoas com predisposição ou que já enfrentam outros problemas”, diz, salientando que algumas das ações em andamento são a Semana de Saúde Mental, os núcleos de escuta e os centros de convivência. “Estamos atentos e empenhados em construir as melhores soluções para essa questão, a começar por melhorar a convivência na UFMG, sob todos os aspectos.”

Proposta pela Rede de Saúde Mental da Universidade, a Comissão vai implantar medidas e acompanhar iniciativas diversas, segundo princípios e diretrizes que foram definidos pelo relatório final da Comissão Institucional de Saúde Mental (Cisme). De acordo com Teresa Kurimoto, esse trabalho se baseou, em grande parte, nas discussões desenvolvidas no âmbito da Rede de Saúde Mental, grupo de adesão voluntária que reúne representantes de projetos de pesquisa e programas de extensão, entre outros interessados. “A rede é um espaço democrático de discussão e de construção científica e acadêmica, não deliberativo”, diz a professora.

Em sintonia
Segundo Teresa Kurimoto, a comissão permanente vai se manter próxima das iniciativas das unidades acadêmicas, visando alinhar as preocupações dos diferentes atores e ações. “O objetivo é dar mais potência e garantir uma orientação a essas iniciativas, com base no caminho já percorrido. Pretendemos também manter a sintonia com a Rede de Atenção Psicossocial do SUS e com a política nacional para a saúde mental.”

A professora da Escola de Enfermagem lembra que a UFMG conta com espaços de acolhimento e grupos de escuta nas pró-reitorias de Recursos Humanos e de Assuntos Estudantis, na Fump e em unidades acadêmicas. E tem fluxo estabelecido para urgências e emergências. “O papel desses grupos não é oferecer terapia, mas encaminhar os casos para a instância adequada e apoiar na vida acadêmica. Temos várias experiências de sucesso", diz Teresa Kurimoto.

A política de saúde mental da UFMG segue princípios como os da Universidade inclusiva e solidária, do protagonismo das pessoas com experiência de sofrimento mental e do respeito à vida e aos valores éticos da convivência humana. Algumas das diretrizes são a construção permanente de uma política de atenção à saúde mental, a promoção da desestigmatização e da despatologização do sofrimento mental, a promoção de ambiente não adoecedor e o enfrentamento da cultura de autoritarismo, individualismo e produtivismo.

Presidida pelo vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, a comissão é integrada também pelas professoras Teresa Kurimoto, do Departamento de Enfermagem Aplicada, Adriana Drummond, do Departamento de Terapia Ocupacional, e Thaís Porlan de Oliveira, do Departamento de Psicologia, pela discente do curso de Enfermagem Mariana Gonçalves de Souza, pelas psicólogas Paula Maia Nogueira e Ana Paula Dias Macedo Pereira, pela assistente de administração Maria das Graças Santos Ribeiro, pela enfermeira Regina Monteiro Campolina Barbosa e pela técnica em enfermagem Janaína Maria Soares Ferreira. 

Outras ações, realizadas no âmbito acadêmico, também integram a programação Setembro Amarelo, como o curso de prevenção de suicídio, cujo último módulo terminou nesta terça-feira, 25.