Institucional

UFMG manifesta-se pelo adiamento do Enem

Defesa do direito à educação é principal argumento do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão para demandar nova data para o exame

Campus Pampulha ao anoitecer com prédio da Reitoria ao fundo:
Campus Pampulha ao anoitecer: UFMG defende a adoção de planos de contingenciamento para enfrentar esse período de excepcionalidade Foca Lisboa / UFMG

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFMG manifestou-se em reunião virtual nesta quinta-feira, 14 de maio, pelo adiamento do Enem. A preocupação dos seus conselheiros é resguardar a equidade nos processos de seleção e garantir o direito à educação a todos os pretendentes. 

“Mais de 55% dos estudantes da UFMG são oriundos de escola pública, que tem sido diretamente afetada pela atual situação e a maior parte desses sistemas está com as aulas suspensas, sem condições de acesso a tecnologias de informação ou redes de conexão nas casas de parte expressiva dos alunos. É urgente considerar que este não é um ano letivo típico, que estamos em um período de excepcionalidade e é necessário responder com medidas que a situação exige. Vários países que aplicam exames dessa natureza, como mostrado em pesquisas recentes, já adiaram seus exames, pois é necessário pensar em planos de contingenciamento e, principalmente, nos impactos na vida de tantos jovens, cujos futuros estarão comprometidos”, avalia a reitora Sandra Goulart Almeida, presidente do Cepe.

A posição do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMG acompanha duas manifestações divulgadas nesta semana. Na Solicitação coletiva de suspensão do calendário do Enem, cerca de 140 entidades educacionais e jurídicas afirmam que "as desigualdades sociais refletem-se e aprofundam-se nas desigualdades educacionais, e a realização de atividades escolares por meios virtuais negligencia o fato de que grande parte dos jovens brasileiros não dispõe dessa possibilidade e das condições necessárias para acesso e aprendizagem dos conteúdos exigidos nas avaliações definidoras para o prosseguimento dos estudos em nível superior. Considere-se que 87,5% dos estudantes do ensino médio no Brasil frequentam escolas públicas”.

Diálogo
A  Andifes, por sua vez, informa, em nota, que, “reafirmando ser fundamental a realização de um Enem, tecnicamente exitoso e com concorrência democrática, propõe a suspensão das datas do exame e que, com apoio da área da saúde, seja aberto um diálogo entre educadores, gestores e instituições, de modo que, em condições razoáveis de segurança sanitária e equidade, seja possível definir um novo calendário".

A reitora Sandra Goulart Almeida faz outra observação: “Todas as pesquisas têm evidenciado que o retorno às atividades será gradual e de maneira diferenciada do que vivenciamos até há pouco tempo. É irreal imaginar que retornaremos a uma 'situação normal', tal qual vivíamos antes da emergência da pandemia. Até que uma vacina seja desenvolvida e que os contornos dessa doença estejam mais bem definidos, o poder público deve se preparar para tomar as medidas necessárias e sempre poderá contar com a UFMG para balizar suas decisões. Neste momento, todos os dados indicam a necessidade de priorizar o distanciamento social, e, ao fazê-lo, não podemos acentuar ainda mais as desigualdades marcantes de nosso país”, finaliza.

Tacyana Arce