Belo Horizonte foi fundada em 1897 como uma cidade jardim. A UFMG, por sua vez, ergueu sua cidade universitária em 1962 sob um deserto de “lama e de matos ralos”, como definiram Regina Horta, Maria do Carmo Verza Sartori e Geraldo Lúcio Oliveira Motta, no artigo História e natureza na cidade universitária. O trabalho está publicado no livro Cidade Universitária da UFMG: história e natureza, da Editora UFMG.

Reitoria, vista do ICEX
Reitoria, vista do ICEX Lucas Braga/UFMG

De acordo com o artigo, os “matos ralos” eram a “única vegetação capaz de vingar espontaneamente sobre a nudez do solo”, que havia sido terraplenado para a construção da cidade universitária. À medida que o crescimento da capital mineira foi “sequestrando o jardim”, no decorrer da segunda metade do século 20, a UFMG ia, em contrapartida, transformando o deserto sobre o qual se fundara numa verdadeira floresta urbana.

Bosques e gramados

O campus Pampulha abriga uma das maiores áreas verdes de Belo Horizonte, a começar pelas palmeiras imperiais que traçam uma longa linha reta no canteiro central da avenida principal (Mendes Pimentel), que recentemente ganhou novo paisagismo. Nas laterais dessa via, paus-de-ferro moldam paralelamente as calçadas. No bosque da Reitoria, pontificam-se as árvores de chichá (ou arixixá), de raízes volumosas, que se destacam na superfície da terra – além dos angicos cangalha, talvez as espécies mais antigas plantadas no campus.

Por todo o campus, e principalmente no entorno da entrada que fica perto do colégio militar, destacam-se as inúmeras mangueiras, além de jabuticabeiras, pitangueiras, amoreiras, goiabeiras, abacateiros e mamoeiros. Ao todo, são 120 espécimes de árvores frutíferas, segundo mapeamento preliminar realizado pelo Grupo de Estudos em Agricultura Urbana da UFMG, o AUÊ!, do IGC.

Quem circula entre Fafich, IGC e Face não escapa de se deslumbrar com um imenso ipê rosado. Os ipês – amarelos, roxos, rosas e brancos – também se destacam na vizinhança da Reitoria, tornando-se atração à parte nos meses de setembro e outubro. No entorno do Departamento de Química, as árvores que se destacam são os mognos, confirmando a pluralidade da flora do campus. Na entrada da Fafich, fileiras de sete-cascas formam uma espécie de pergolado pelo caminho, paraíso para cigarras na época do acasalamento.

A área é o habitat de uma série de mamíferos, anfíbios, répteis e de uma centena e meia de aves, o que também faz dela um importante centro de estudos e pesquisas


A cidade universitária mantém, ainda, uma Estação Ecológica com 114 hectares – mais de um milhão de metros quadrados – de uma flora diversa, com várias espécies nativas da região e outras exóticas, como o baobá eternizado por Antoine de Saint-Exupéry, em O pequeno príncipe. A área é o habitat de uma série de mamíferos, anfíbios, répteis e de uma centena e meia de aves, o que também faz dela um importante centro de estudos e pesquisas.

[Fonte: Boletim UFMG n. 1905]

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